Dizem que foi anunciada por três anjos. E concebida por eles também – um preto, um branco e um turco. Ou isso, ou Maria foi fazer saliência com o namorado nos fundos da igreja, viu as estátuas dos homens de asa espiando, e teve a ideia. Versão que for, nesse nordeste de Deus não tem um cabra que não faça o sinal da cruz quando ouve falar da menina que nasceu nove meses depois: Pilar da Anunciação, a Santinha de Codó. Do Maranhão, ela saiu pelo mundo. Ela, mais a Santa (onde morava a encantada da família) e o malassombro da cobra empalhada que ela nunca largou – história mal contada da gota, aliás! Pilar bateu foi perna por esse mundo, mas acabou assentando em São Paulo. Era ali que faria seus milagres e espalharia sua bênção. Mas dessa vez, a história seria diferente. Porque mulher arretada como aquela não tinha cruz que prendesse não.O novo livro de PJ Pereira: “A mãe, a filha e o espírito da santa” uma viagem pelo desvairado misticismo brasileiro e pelas indecências do poder da fé.