Publicado em 22 de abr de 2017 por Paulo Almeidda

Fome de Poder

20161 h 55 min
Overview

A adaptação ao cinema da biografia de Ray Kroc, o fundador da cadeia de alimentação de fast-food mais popular do planeta, a McDonald's. Retrata a figura do caixeiro-viajante do interior dos Estados Unidos que, em 1954, comprou um franchise do restaurante de hambúrgueres dos pouco ambiciosos irmãos Mac e Dick McDonald. O sucesso e as inovações introduzidas por Kroc permitiram-lhe adquirir a empresa aos irmãos McDonald, em 1961, por 2,7 milhões de dólares.

Metadata
Director John Lee Hancock
Runtime 1 h 55 min
Release Date 24 novembro 2016
IMDb Id tt4276820
Images

Parece que existe um grande mercado para filmes sobre a fundação das grandes empresas mundiais. E, nesse ramo, é difícil achar qualquer uma que seja capaz de competir com a McDonald’s Corporation.  Avaliada em 2016 em 110 bilhões de dólares, e considerada a 9# marca mais valiosa do mundo, não é surpresa que um filme sobre sua origem seja produzido. Mas o twist começa no título. Apesar de se chamar The Founder (O Fundador, traduzindo literalmente), o filme começa com o McDonald’s já fundado. E não é pelo protagonista. É aí que a história começa a caminhar.

Com isso, vamos para a sinopse:            
Fome de Poder conta a história de Ray Kroc, um vendedor que pegou a ideia inovadora de dois irmãos e transformou em uma das maiores redes de restaurantes do mundo, com uma combinação de ambição, persistência e impiedade.


O filme é bem simples em sua maneira de contar a história e não recorre a truques pra manter a atenção do público pelo que vem a seguir. Tudo é mostrado de forma linear. Temos a origem de Kroc, um vendedor que sempre investe em uma ideia diferente supondo que essa vai ser a que finalmente vai enriquecê-lo. A primeira parte do filme é reservada para a motivação desse personagem. Vemos o quanto ele se esforça, o quanto ele realmente gostaria de fazer a diferença, e o quanto ele falha enquanto tenta. Não é mal sucedido, mas é ambicioso o bastante para odiar sua situação atual e almejar mais.

A importância disso é que Kroc não é uma boa pessoa durante o filme. Ele vai pisar em muita gente pra conseguir o que quer. Sem motivações, ele seria apenas um vilão protagonizando uma trama de poder. Mas ele não é um vilão. A partir do momento que entendemos o que o motiva, nós paramos de julgar suas ações. Podemos não concordar, mas entendemos de onde elas vêm. Isso, junto com a incrível atuação de Michael Keaton, nos entrega um personagem que, apesar de não torcermos por ele, é cativante de assistir.

John Lee Hancock faz um ótimo trabalho dirigindo essa cinebiografia, intercalando entre os sentimentos de ambição e empatia. Alcançar a grandeza é o tema de diversos filmes, mas a intenção por trás desse é mostrar que o sucesso de um pode ser a decadência de outros. Apesar de haver espaço no filme pra explorar melhor essas tramas, e o lado de quem está perdendo, isso não significa que isso seja deixado de lado. Essa parte está lá, mas, se tivesse igual força e importância quanto a história da escalada de Kroc, teríamos um filme mais emocionalmente denso.

Entre os coadjuvantes, é fácil destacar Nick Offerman e John Carroll Lynch como os irmãos McDonald. Eles conseguem transparecer a leveza e a humildade de pequenos empresários, com desejos e medos, mas sem grande ambição. Eficientes, apesar de não terem tantas chances assim de brilharem. B.J. Novak também faz muito bem seu trabalho, apesar do personagem não ter destaque nenhum.

A decepção está na personagem de Laura Dern. Interpretando Ethel Kroc, uma mulher cujo marido ama tudo acima dela. Ela não tem nenhuma grande cena e fica um buraco de expectativa durante todo o longa-metragem. Ethel é deixada de lado diversas vezes, mas possui a paciência de não desistir do marido, mesmo esse marido não hesitando em desistir dela. Você quer ver a reação dessa mulher. Você quer ver Laura Dern atuando e mostrando porque foi contratada. O gosto amargo que fica é o de uma cena provavelmente cortada, porque não é possível que essa cena não exista em algum chão de sala de edição.

No geral, é um filme muito bem feito e com uma ótima história pra contar. Direção inteligente, um roteiro que podia ser um pouco mais meticuloso e atuações que fazem o filme valer a pena assistir. Trilha sonora simples e fotografia com belas cenas, apesar de que filme de época filmado digitalmente sempre me deixa um pouquinho triste. Parece que falta alguma coisa que caracterize a obra. Esse buraco é um pouco preenchido pelo Design de Produção, mas não inteiramente.  Ainda assim, é um must-watch pra todo mundo que quer entender a criação da maior rede de fast foods do mundo e todas as traições por trás disso.

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