Overview
Pantera Negra estreia como mais um dos filmes do Universo Cinematográfico Marvel, e poderia ser só mais um dos vários filmes de super-herói esquecíveis que tivemos nos últimos anos. Porém ele eleva o filme a categoria de filmes blockbusters mais complexos – como a Trilogia Batman (2008-2012) e Logan (2017) – com uma produção maravilhosa e trabalhar com nuances no roteiro.
O maior destaque do filme é como ele consegue mostrar muito bem o mundo de Wakanda (um universo tão bem construído pela direção de arte que não me surpreenderia em ver no Oscar 2019). A tela transborda de cores, de uma mistura deliciosa de elementos africanos e tecnológicos. Destaque aqui para o figurino do filme, que engloba tão bem vestes tradicionais de tribos africanas e dá a elas um modernismo que faz sentido naquele universo.
A trilha sonora (que sempre foi tão caída nos filmes da Marvel) aqui se realça. Feita pelo produtor Kendrick Lamar (Damn, To pimp a butterfly) e o compositor Ludwig Göransson (Creed). Ela também exibe mais do mundo de Wakanda, com cenas inteiras feitas com rap e música black estadunidense, e outras com tambores e ritmos tribais.
As personagens são escritas com um cuidado bonito de ver: todas, do protagonista T’Challa, passando pelos guerreiros Okoye, Nakia e W’Kabi, aos antagonistas Killmonger e Ulysses Klaue têm motivações, medos e arcos bem-definidos, alguns deles encarnando certos conceitos importantes para o longa.
Pantera Negra trás algo muito incomum nos filmes hollywoodianos: um vilão bons. Na maioria absoluta de filmes de super-heróis, o vilão é só um cara que quer destruir o mundo e dar motivação ao protagonista; eventualmente temos um vilão complexo e interessante (aqui você encaixa personagens como Loki e Coringa). O filme nos dá esse presente em forma de Michael B. Jordan que é Killmonger, um homem que foi descartado por Wakanda e que por ter razões tão compreensivas pelo público, gera questinamentos sobre a política de T’Challa – e, se formos levar o filme para além de Wakanda, sobre como governos e movimentos agem no mundo real.
Enfim: Pantera Negra é tudo o que estávamos esperando, e tudo que um filme de super-herói deveria ser: empolgante, complexo na medida certo, com personagens interessantes e um mundo incrível, e com uma produção de tirar o fôlego.