Publicado em 05 de jun de 2017 por Mayara Armstrong

O expressionismo como toda forma de arte, viajou pela música, literatura, pintura, teatro e arquitetura. Tem seu início em meados do final do século XIX, abordando temas como, a exibição da angústia, sofrimento, dor, loucura e paranoia. Já o expressionismo no cinema, nasceu no século XX, no período pós-primeira guerra, conhecido como a República de Weimar (1918-1933). O mundo todo culpava a Alemanha pela primeira guerra mundial, e a população alemã estava em depressão geral. O ambiente como um todo, estava propício para que um movimento com ênfase nessas características, tivesse o seu auge naquele país, naquela época. E assim se sucedeu. Diretores buscaram expressar a sua visão de mundo, com histórias fantasiosas e até mesmo com ficção cientifica, assim o movimento mudou o cinema com seu surgimento. Inspirado principalmente nas obras de Edward Munch, autor daquela que é provavelmente, a principal obra do expressionismo, “O Grito” de 1893.

O céu avermelhado, as formas distorcidas do homem gritando. Por que ele grita? O sofrimento por algum motivo é o tema desta obra, e as duas figuras de preto ao fundo dá um tom de terror. A angustia toma conta. Por que elas o observam? Sempre quando a observo, um sentimento de agonia entra em mim. Mas melhor do que a minha interpretação, é o que Edward nos diz sobre sua própria obra.

Como movimento cinematográfico o expressionismo tem em suas características, o uso excessivo de sombras, uma maquiagem pesada, cenários distorcidos e estilizados. Os filmes expressionistas parecem mais sonhos, ou pesadelos dependendo do longa. As técnicas de filmagem que eram utilizadas também tinham como objetivo, criar essa irrealidade de mundo com ângulos fora do comum. A estranheza chama atenção quando você vê um filme expressionista, e não é para menos.

Vamos pegar algumas dessas características e vê-las na prática com o filme, “O Gabinete do Dr. Caligari” de 1920.

As sombras desenhando a forma de um assassino.

A maquiagem pesada, exagerada até.

Os cenários estilizados, dando a impressão de sonho, irrealidade.

Ângulos não convencionais e mais uma vez os cenários.

Há vários outros filmes que merecem destaque, mas “O Gabinete do Dr. Caligari” é provavelmente o primeiro longa com as características do movimento. A história é dividida em seis arcos, parece um filme grande não? Muito pelo contrário, ele tem apenas uma hora e dezessete minutos, e parece após dito isso, que o filme não desenvolve muito bem os seus arcos, mais uma vez, muito pelo contrário. O Longa conta a história de um hipnotizador que chega em um pequeno vilarejo, acompanhado de um sonâmbulo que consegue ver o futuro. Ele prevê assassinatos, e a noite sai cumprindo aquilo que previu. Cada frame desse filme poderia ser exposto como quadro na parede de uma casa por exemplo. É esteticamente muito lindo e tem um roteiro bastante metafórico que fala sobre loucura. É realmente um clássico.

Outros filmes expressionistas importantes:

“Nosferatu” de 1922.

Hutter, agente imobiliário, viaja até os Montes Cárpatos para vender um castelo no Mar Báltico cujo proprietário é o excêntrico conde Graf Orlock, que na verdade é um milenar vampiro que, buscando poder, se muda para Bremen, Alemanha, espalhando o terror na região. Curiosamente quem pode reverter esta situação é Ellen, a esposa de Hutter, pois Orlock, está atraído por ela.

“Metropólis” de 1927.

O ano é 2026, a população mundial se divide em duas classes: a elite dominante e a classe operaria; esta condenada desde a infância a habitar os subsolos, escravos das monstruosas máquinas que controlam a metrópolis. Quando o filho do criador de Metrópolis se apaixona por Maria, a líder dos operários, tem inicio a mais simbólica luta de classe já registrada pelo cinema.

“M, o Vampiro de Dusseldorf”, de 1931.

Um misterioso infanticida leva o terror a Dusseldorf. A polícia local não consegue capturar o serial killer então um grupo de foras-da-lei se une para encontrar o assassino. Capturado pelos marginais, ele é julgado por um tribunal de criminosos e é acusado de ter quebrado a ética do submundo.

Se você ver os longas acima, pelo menos terá sua iniciação no movimento assegurada, se gostar deles então poderá entrar de cabeça na ideia deste que é o meu movimento favorito.

Enfim, não é questão de você gostar ou não de filmes antigos, muito menos de arte, mas penso eu, que aprender mais sobre uma coisa que amamos em nossa vida, não é algo ruim. O Expressionismo Alemão foi um movimento importantíssimo para o cinema, influenciou diretores como Alfred Hitchcock, Tim Burton e Ridley Scott. O gênero do terror também deve muito ao movimento, e eu até me pergunto como ele seria se este movimento não tivesse existido.

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