Publicado em 26 de out de 2023 por Mayara Armstrong

“Mãri hi – A Árvore do Sonho” acaba de ser selecionado para a pré-lista do IDA Awards, a grande porta de entrada para o Oscar.

O documentário “Mãri hi – A Árvore do Sonho” pode ser o primeiro filme dirigido por cineasta indígena a representar o Brasil no Oscar. O curta do diretor Yanomami Morzaniel Ɨramari venceu o “É Tudo Verdade”, festival classificatório reconhecido pelo Oscar, e disputa uma indicação à maior premiação do cinema na categoria de curta-documentário.

O curta estreou internacionalmente no Sheffield Doc Fest no Reino Unido e conquistou diversos prêmios nacionais como Melhor Fotografia e Especial do Júri, no 51º Festival de Gramado 2023 (Brasil). Foi exibido na Mostra Cinema de Inclusão do 80º Festival de Veneza, no Festival Internacional de Cine de Valdivia (Chile), e classificado para a restrita pré-lista da International Documentary Association (IDA) Awards. Dentre os 25 filmes selecionados pela IDA para a categoria documentário de curta-metragem, doze são dos Estados Unidos e treze de outros doze países. Mãri hi é o único representante brasileiro na lista. 

“O filme vai ajudar a fazer com que não-indígenas conheçam o povo Yanomami, conheçam as nossas imagens e comecem a pensar junto com os Yanomami para defender a terra e melhorar a saúde do nosso povo. Espero que todos possam defender o povo Yanomami, nos ajudar a viver em paz, livres de invasores e com boa saúde”, afirma Ɨramari. 

Walter Salles, diretor de Central do Brasil, filme indicado em duas categorias ao Oscar (Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Montenegro) classificou o filme de Ɨramari como “excepcional, impactante e revelador”: “Em um brilhante curta-metragem que merece ser considerado para um Oscar, Morzaniel Ɨramari revela como os povos da floresta sonham o mundo. Falamos muitas vezes de diversidade, mas nem sempre a reconhecemos. ‘Mãri-hi’ é a prova viva de que a diversidade pode se ampliar no cinema. A câmera muda de mãos e é agora empunhada por um diretor Yanomami de um raro talento, que nos oferece um reflexo ao mesmo tempo agudo e singular de seu povo. Espero que a Academia abrace esse filme tão único”. 

“Mãri hi” conta com a participação do líder mundialmente reconhecido Davi Kopenawa Yanomami e foi realizado na casa coletiva de Watorikɨ, na região do Demini, na Terra Indígena Yanomami (TIY), situada entre os Estados de Roraima e Amazonas. Produzido pela Aruac Filmes em coprodução com a Hutukara Associação Yanomami e produção associada da Gata Maior Filmes, o curta integra o projeto “A Queda do Céu”, que conta com a produção de um longa-metragem livremente inspirado na obra homônima de Davi Kopenawa e Bruce Albert, dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha. “Mãri hi” é o terceiro filme de Morzaniel Ɨramari. O cineasta Yanomami produziu o curta “Casa dos espíritos” (2010), eleito Melhor Filme pelo júri popular na Mostra Aldeia SP (2014), e o longa “Urihi Haromatimapë – Curadores da terra-floresta”. 

“Mãri hi” será exibido com outras produções brasileiras qualificadas para o Oscar, como “Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho (“O Som ao Redor”, “Aquarius”, “Bacurau”), “Incompatível com a Vida”, de Eliza Capai, e “Big Bang”, de Carlos Segundo, nos cinemas da Academia em Los Angeles durante o 15th Hollywood Brazilian Film Festival, que ocorre entre 6 e 11 de novembro. 

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