Publicado em 17 de out de 2022 por Mayara Armstrong

Exibição contará com a presença da diretora e roteirista Anna Muylaert, e do elenco, que inclui Ary França, Marisa Orth e Letícia Sabatella.

DURVAL DISCOS já é um clássico cult do cinema brasileiro. Escrito e dirigido por Anna Muylaert, o longa começou sua carreira de sucesso em 2002, no Festival de Gramado, de onde saiu com 7 Kikitos, entre eles Melhor Filme para o Júri Oficial e Público, além de direção, roteiro e fotografia. Pouco tempo depois, foi exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo daquele ano.

O filme volta ao festival numa sessão especial, com projeção de uma cópia em 35mm, e com a presença da cineasta e do elenco, que inclui Ary França, Marisa Orth, Isabela Guasco, Letícia Sabatella, Rita Lee,  André Abujamra, Tânia Boldezan, além da saudosa Etty Fraser. A exibição acontecerá na área externa da Cinemateca Brasileira, no dia 28 de outubro, às 19h.

O filme conta a história do quarentão Durval (Ary França), amante de MPB, cuja loja fica dentro da casa de sua controladora mãe Carmita ( Etty Fraser) que não deixa ninguém se aproximar do filho que luta para libertar-se da influência da mãe.  No começo da trama, eles contratam uma estranha e bela empregada vivida por Letícia Sabatella, por um baixíssimo salário. 

Ela trabalha espantosamente bem por alguns dias, mas logo some deixando para trás Kiki, uma menina de 5 anos vivida por Isabela Guasco – que eles acreditam ser filha dela, mas aos poucos percebem que estão no meio de uma trama policial. Por essa virada na história o filme ficou conhecido por ter, assim como os LPs, um Lado A e o Lado B.

“Num mundo que não para de evoluir tecnologicamente, deixando para trás formas e formatos do ano anterior, numa cidade que não para de se autodemolir e transformar-se, DURVAL DISCOS continua sendo um hino a um mundo que além de analógico – ainda sonha em ser mais humano”, define Anna, que, em sua carreira, fez, posteriormente, filmes como É proibido fumar e Que horas ela volta?

Filmado em tela cheia, DURVAL DISCOS é uma comédia dramática que e se passa quase inteiramente dentro de uma loja de LPs, no bairro de Pinheiros, em São Paulo – a Durval Discos –, no mesmo ano em que os vinis deixavam de ser produzidos para dar lugar aos já também falecidos CDs. Como diz o protagonista, interpretado por Ary França, a um dos seus clientes: “O som do CD pode ser melhor, mas a música não tem comparação”. Além de acompanhar o declínio do vinil, o filme mostra também como a vida no bairro estava mudando com as casas sendo demolidas para dar lugar aos inúmeros prédios

Parte homenagem à cidade de São Paulo, uma verdadeira personagem aqui, parte homenagem à musica, o longa faz homenagens à música brasileira dos anos 60 tendo em sua trilha, produzida por Pena Schmidt – diversas pérolas do cancioneiro brasileiro como “Que maravilha”, de Jorge Ben, “London London”, de Caetano Veloso, “Imunização Racional” de Tim Maia, “Madalena”, de Elis Regina, “Back in Bahia”, de Gilberto Gil, e “Mestre Jonas”, de Sá e Guarabira – que ganhou no filme uma nova versão com a banda Os Mulheres Negras.

Outro destaque – reverenciado por fãs e especialistas no mundo todo – é a abertura do filme, com um longo plano sequência passeando pela Rua Teodoro Sampaio e encontrando seus créditos nas lojas do bairro. Um feito artístico e técnico, resultado do trabalho de uma equipe empenhada e comprometida, que conta com entre outros, Jacob Solitrenick, na direção de fotografia; Ana Mara Abreu, assina a direção de arte; Vânia Deb, a montagem; e André Abujamra, a trilha sonora. A produção é assinada por Sara Silveira e Maria Ionescu, além da própria Anna. Atualmente, Anna está na fase de montagem de seu novo longa, O Clube das Mulheres de Negócio. Com longa carreira como cineasta e roteirista, a diretora tem em seu currículo, como diretora, também os longas Mãe só tem uma, e Chamada a cobrar.

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