Publicado em 15 de nov de 2016 por Mayara Armstrong

O cinema, foi, por muito tempo, caraterizado como mais um meio de entretenimento, porém, muitos adoradores da sétima arte o veem como algo que vai muito mais além de apenas um passatempo momentâneo. É isso que pretendemos debater nessa coluna, desenvolver um outro olhar para o cinema, a importância dele em novas vidas para além do entretenimento.

Muitos são os adoradores da sétima arte, os que gostam como entretenimento, assistem para curtir um tempo com a família ou amigos e os que realmente tem fascino pela arte expressa nas telonas. Este último grupo, pode ser caracterizado por terem um olhar mais crítico em cima dos personagens, enredo e da trama desenvolvida.

Não estamos tentando quantificar quem gosta mais ou menos de cinema, apenas queremos ampliar o olhar para mais uma possibilidade de enxergar essa arte. A ficção retratada nas telonas – ou até mesmo nas telinhas – pode, muitas das vezes, não ser apenas ficção. A realidade está muito presente na ficção reproduzida pelo cinema, já que os filmes são ambientados dentro de uma cultura e sociedade, seja esta passadista, presentista ou futurista, podendo, ainda, retratar uma realidade utopia ou distopia.

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Filmes da imagem, da esquerda para a direita: Jogos Vorazes; Nineteen Eighty-Four (1984); Admirável Mundo Novo; Fahrenheit 451; Metrópolis; Filhos da Esperança; THX 1138; Blade Runner; Laranja Mecânica; Divergente.

Então sabemos que o cinema retrata uma sociedade onde há uma cultura pre estabelecida. Claro, existem pessoas que interagem entre si, então, também há relações interpessoais, que envolvem sentimentos e emoções, certo? Onde mais existem essas características? Daí vem a riqueza e a importância dos filmes, suas imagens, dinamismo, personagens e enredos nos levam de encontro a nós mesmos, e, muitas vezes, sem percebemos, os filmes nos afetam e nos transformam, pois, eles nos permitem experienciar, sem perigo para nós mesmos, excitações, paixões e fantasias.

As manifestações artísticas foram criadas justamente com esse intuito, sendo uma possibilidade a mais para nós nos manifestarmos, e, além disso, nos identificarmos com a cultura, crenças, características físicas e comportamentais dos personagens retratados. Tais manifestações possibilita desenvolvermos olhares de diferentes pontos de vistas sobre uma determinada situação ou pessoa, nitidamente abordado nas questões sociais retratada nos filmes.

E é aqui que se encontra a importância do cinema. Existe um tênue limiar entre a ficção e a realidade, o que, muitas das vezes, podemos achar difícil de acontecer realmente, é retratado na ficção, ou, vice-versa, podendo ser um espelho para nossas atitudes, possibilitando a ressignificação, um olhar mais atento sobre tal situação.

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Filmes da imagem, da esquerda para a direita: Mad Max; 12 Anos de Escravidão; Nise – O Coração da Loucura; Cidade de Deus; O Bicho de Sete Cabeças; Escritores da Liberdade; X-Men; A Procura da Felicidade.

Vou exemplificar: Ultimamente, se olharmos para a nossa situação política atual, podemos, nitidamente, relaciona-la com o que aconteceu em Harry Potter, onde, grupos de alunos e alunas – e até docentes -, não condizentes com as práticas impostas por um influente líder ditador e preconceituoso que os ameaçava em tirar suas liberdades e outros direitos, se uniram para lutar a favor de seus ideais. No caso da ficção, foi retratado por Lord Voldemort e os Comensais da Morte, para eles, a raça predominante e “pura” eram os “sangues puros”, assim, discriminavam as pessoas que não se enquadravam nesse padrão normativo, manifestando seu “ódio” em comportamentos ofensivos e violentos, podendo levar até à morte. Já na realidade, pode ser comparado com a possível violação de direitos por parte de Michel Temer, Donald Trump e, em casos mais extremos, também não pode ser relacionado com Hitler? Ou com as “pessoas comuns” que mantem essas atitudes segregadoras e preconceituosas enraizadas no dia-a-dia, sendo manifestadas pela homofobia/xenofobia/transfobia/gordofobia/racismo/machismo?

Deu para ter uma noção básica do que eu estou falando, certo? E é ai que está, não acontece apenas em Harry Potter, mas sim em todo e qualquer filme, basta sabermos interpreta-lo. No cinema, as polarizações ficção e realidade se integram em um movimento de identificação que permitem ressignificações relacionadas aos conflitos inerentes à sua realidade, possibilitando indagações e um melhor enfrentamento dos dilemas de sua própria existência a representatividade presente que o diga.

Para além do entretenimento, evidenciamos que o cinema tem uma grande importância na vida de quem assiste, com influências diretas no desenvolvimento pessoal e social, contribuindo na qualidade das relações interpessoais e com a ampliação das formas de ressignificar o mundo.

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Filmes da imagem, da esquerda para a direita: Biutifil; Avatar; O Sorriso de Monalisa; Que Horas Ela Volta?; Selma; Entre os Muros da Escola.

Vou deixar algumas sugestões de temáticas e filmes para vocês:

  • Globalização e Capitalismo: “Babel”; “Biutiful”; “Trabalho Interno”; “Tempos Modernos”
  • Intolerância: “Crash – No Limite”; “A Onda”
  • Imigração: “Entre os Muros da Escola”
  • Violência Urbana:“Cidade de Deus”; “Ônibus 174”; “Tropa de Elite”

E vou citar outros filmes, que estes, deixo para vocês problematizarem:

  • Quem quer ser um Milionário?;
  • Milk – A Voz da Liberdade;
  • The Normal Heart;
  • 12 anos de Escravidão;
  • Selma;
  • Que Horas Ela Volta?;
  • O Bicho de Sete Cabeças;
  • Nise – O Coração da Loucura;
  • Jogos Vorazes;
  • As Vantagens de ser Invisível;
  • O Sorriso de Mona Lisa.

Entre milhares de outros… Isso porque fiz essa lista de cabeça mesmo…

Fizemos um top 05 com filmes conhecidos que abordam causas sociais também, podem conferir clicando aqui!

O que acharam da coluna? Deixem seus comentários sobre os filmes citados e sugestões de temas para a próxima postagem.

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