Universo bruxo retorna em grande estilo.

Não faz tanto tempo que Harry Potter acabou, mas o fato de não chegar uma adaptação literária que lhe substituísse de fato faz com que o filme se torne extremamente nostálgico, apesar de recente.

A franquia do bruxo teve mais de um diretor, o que prejudica a narrativa, cada forma de contar a história faz com que a continuidade não seja prosseguida e quebra a química entre os personagens. David Yates pegou o bonde andando quando assumindo o quinto filme da franquia (Ordem da Fênix) e seu estilo se chocou com os modos de Chris Columbus (Pedra Filosofal e Câmera Secreta), Alfonso Cuarón(Prisioneiro de Azkaban) e Mike Newell (Cálice de Fogo).

Tendo a chance de pegar tudo do início Yates supera a tragédia que foi A Lenda de Tarzan e junto com J.K. Rowling (roteirista) entrega seu melhor filme no mundo da magia.

O longa metragem não assume uma trama principal e prefere contextualizar o local onde tudo irá acontecer. Em 1926 Newt Scamander chega a Nova York para levar uma de suas criaturas a seu habitat natural, no Arizona, mas se mete em problemas quando alguns dos seus animais fogem e ficam soltos na cidade expondo o mundo mágico, o que pode gerar uma guerra, já que os humanos não estão prontos para aquilo, pois o governo bruxo decidiu se esconder e viver separados dos que eles julgam “trouxas”. O que gera críticas e analogias como o medo do desconhecido e a proibição de casamento entre etnias diferentes.

Não tendo um inimigo eminente e a obrigação de alguma grande briga no final, podemos nos deliciar matando a saudade e conhecendo os novos personagens. Ao contrário do retorno de Star Wars que trouxe novos personagens mas tem o mesmo ponto de partida da trilogia original, Animais Fantásticos entrega personagens de fato novos e dispensa problemas adolescentes, o filme é focado para o público dos anos 2000 que cresceu com a franquia e hoje são mais maduros. Então o clichê do protagonista afastado da sociedade por ser diferente não tem espaço aqui.

O elenco é um acerto excepcional, Eddie Redmayne (Newt) já acostumado a ser um cara excentrico; Katherine Waterston(Porpentina Goldstein) pega personagem mais sofrida, sua atuação é a mais forte no projeto; Dan Fogler (Jacob) é o alívio cômico, não chega a ser hilário mas o conjunto da obra o torna carismático; Alisson Sudol(Quennie Goldstein) é poderosa e fofa mas não tão profunda quanto sua irmã, talvez ganhe espaço no próximo filme.

A paleta de cores não é aquele 100% acinzentado, há uma variação entre tons escuros para perigo e tons quentes para cenas de diversão com os animais.