Publicado em 06 de nov de 2016 por Mayara Armstrong

Inferno

20161 h 55 min
Overview

Terceira aventura do simbologista Robert Langdon no cinema. Desta vez ele tem de decifrar os mistérios escondidos nos versos do poema A Divina Comédia de Dante Aligheri para impedir que uma terrível arma biológica se espalhe pelos céus de Florença.

Metadata
Director Ron Howard
Runtime 1 h 55 min
Release Date 13 outubro 2016
IMDb Id tt3062096
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A expectativa é a maior inimiga dos amantes de cinema? É provável, mas a verdade é que expectativa não torna um filme pior do que ele é. Só nos deixa menos preparados para o que vemos. INFERNO, a terceira aventura de Robert Langdon no cinema, sofre da antecipação criada por um bom filme (O Código DaVinci) e um quase bom filme (Anjos e Demônios)… E falha miseravelmente em entregar qualquer coisa sequer no mesmo nível. O que temos é um dos piores filmes de 2016 em um ano já cheio de decepções.

A história em si é tão clichê quanto é possível imaginar. Um vírus para causar a morte de bilhões de pessoas está para ser liberado. Apenas Robert Langdon e seus conhecimentos artísticos e filosóficos poderão encontrar o vírus antes que seja tarde demais.

Encha isso de diversas alucinações bizarras, centenas de diálogos explicando o que acabamos de ver e milhões de flashbacks: temos Inferno.

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A verdade é que, apesar de clichê, essa história poderia render pelo menos um filme inteligente, elétrico e surpreendente. Afinal, estamos falando de uma adaptação do autor que virou sinônimo de adrenalina literária com seus Best Sellers: Dan Brown. Infelizmente, não li o livro para poder dizer o quanto a trama é culpa de Brown. Mas vou deixá-lo parcialmente isento da mesma. Ele fez um ótimo trabalho em escrever Anjos e Demônios e, mesmo assim, fizeram questão de depenar o livro na hora de adaptar, estragando, inclusive, pontos chave na motivação do livro existir. Então me reservo a culpar, na dúvida, o diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante e Rush: No Limite da Emoção) e o roteirista David Koepp (Missão: Impossível e Homem Aranha) por tudo que INFERNO é.

A direção é preguiçosa e não tenta nada que não seja repetido de outros filmes. Com flashbacks atrás de flashbacks, o filme subestima a inteligência e a memória do público em saber o que aconteceu cinco minutos atrás na história. Um roteiro tão cheio de momentos óbvios que jamais deveria ser parte de uma franquia cuja total premissa é que inteligência é melhor que força física. É o único diferencial de Langdon sobre qualquer outro herói de ação e não é valorizado.

Além disso, existe uma grande necessidade de tornar o filme family friendly (ou amigável para a família, em tradução livre). Apesar de ainda conter certas cenas de violência, é tudo muito abaixo do que a franquia antes mostrou. Não há ponto positivo nenhum onde INFERNO supera os seus antecessores.

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Tom Hanks retorna como Langdon nessa (por favor, última) sequência. E ele está ótimo. Se tem algo na franquia que ainda funciona é a presença de Hanks. Está em ótima forma e consegue ser um astro de ação no auge de seus 60 anos. Ele pode sair feliz sabendo que não vai ganhar nenhum Framboesa de Ouro de pior ator por esse filme. O resto do filme… Não tenha tanta certeza.

Felicity Jones, a Langdon Girl desse filme, fracassa em seguir o ritmo do protagonista. Ela tenta, mas a experiência que Hanks tem em atuar bem, até quando presencia os maiores absurdos de sua carreira, ela ainda tem que desenvolver muito. Diversas vezes, ela aparece caricata em sua tentativa de fazer sentido nas reviravoltas que tentam jogar na cara do expectador. Nada é plausível. Que Star Wars: Rogue One seja o blockbuster que ela merece.

Roteiro previsível, trilha sonora clichê, efeitos não muito impressionantes e ritmo de dar sono. Não vale o preço do ingresso. O fracasso de bilheteria que está sendo nos EUA é evidência disso. Talvez seja um chamado de alerta de que o público não vai mais aceitar qualquer material duvidoso entregue. Ou talvez eu esteja sendo otimista e o boicote geral a esse filme seja apenas uma coincidência sem relação nenhuma com sua qualidade. De qualquer jeito, fica aqui minha esperança de que o Ron Howard nunca mais dirija algo nesse nível. É um diretor em quem acredito, que já fez muita coisa boa, e que merece sair desse Inferno sem grandes sequelas. Só precisa escolher melhor o próximo trabalho.

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