Jogador Nº 1 promete ser um dos filmes mais controversos de Spilberg. E o furor não é a toa: desde o lançamento de trailers e do material de divulgação tem gerado polêmicas: entre orgasmos de nerds que adoraram os easter eggs a críticos que diziam que o filme não teria história para contar se não fossem as tais referências a cultura pop.

Desde o início, nota-se que aquele é um projeto de fanboy para Spilberg (no bom sentido). Ele é obviamente apaixonado por aquele universo: o detalhismo e carinho por trás da produção é quase palpável. A animação, de altíssima qualidade, se destaca entre outros filmes que tentaram trazer esse efeito mais realista e renderam um estranhamento – nessa categoria, talvez os fracassos mais famosos tenham sido O expresso polar (2004) e Os fantasmas de Scrooge (2009).

Poucos filmes conseguem capturar esse universo tão novo de games/realidade virtual sem um tom forçado, e também nisso o Jogador Nº 1 é uma agradável surpresa. As cenas de ação são bem-feitas e funcionam, a estética de nostalgia se encaixa e as personagens principais parecem pertencer a Oasis.

O filme cumpre a promessa de um filme divertido e heartwarming, mas como já era de se esperar, usa a nostalgia e uma excelente produção como muletas para um roteiro previsível e personagens rasos.

Ao se centrar em uma história gasta, o filme não consegue desenvolver as personagens ou o relacionamento entre elas. Isso se torna um grande problema quando no clímax, não há uma conexão entre espectador e aquelas pessoas. Ademais, o relacionamento entre Art3mis (Samantha) e  Perzival (Wade) que não convence e, pior: se torna um dos principais elementos da história.

Jogador Nº 1 deixa um universo incrível que poderia ser explorado de diversas formas e que seria interessante em outras narrativas. Muitas questões são deixadas de lado no longa: a sociedade desconectada pela OASIS, a possibilidade de ser outra pessoa, as novas relações nesse universo, etc.

Faltou coragem em abraçar o absurdo e ousar mais na história, mas mesmo assim Jogador Nº 1 é um filme bom e não decepciona um fã de cultura pop.