“Si vis pacem, parabellum”, que significa “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”, e é exatamente isso o que ocorre no terceiro capítulo da franquia John Wick. O ator Keanu Reeves retorna à pele do assassino que sai para mais uma vez dar de encontro com um banho de sangue – especialmente após o desfecho do segundo capítulo, quando mata o antagonista Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio) dentro do Hotel Continental, território proibido para a Alta Cúpula. A partir dessa atitude extrema, o terceiro longa se inicia com a pressa de uma contagem regressiva; seja por sua vida que se encontra por um fio ou pela sua duradoura aliança com o submundo, reduzida drasticamente em questão de minutos.

Com Chad Stahelski novamente na direção, John Wick 3 : Parabellum não hesita em elevar ainda mais as já esperadas sequências de ação e lutas corpo a corpo, contudo também procura dosar toda a pancadaria com uma linha narrativa que se costura entre esses momentos. Porém, apesar do maior número de cenas impactantes de combate presentes no filme, elas não enfraquecem o enredo.

Pontos a elogiar é o roteiro feito por Stahelski, que continua sendo o diferencial de John Wick, visto que a estória teve sua base construída há 5 anos, tendo sua estrutura estendida no filme atual, assim como o trabalho do fotógrafo Dan Laustsen (‘A Forma da Água’), em que exibe um controle rígido a respeito da movimentação de câmera, assim como no jogo de luz e sombras, no qual a cada cena de ação, o telespectador nota o sentimento de tensão com uma beleza estética, que ao usar elementos como o neon, possibilitam um tratamento sofisticado a cena.

Com novos personagens e arcos incluídos neste nova etapa da franquia, o ímpeto de morte ainda é perseguido por John, um homem repleto de perdas, que batalha por reparação, em meio a memória do amor perdido que pretende não esquecer. Já os outros indivíduos, vagam por reestabelecer a ordem num universo de caos crescente, da personagem de Halle Berry ao personagem de Mark Dacascos, que mesmo em frequências diferentes mantêm-se todos eles num esquema de honra entre adversários – mesmo em lados opostos, há um respeito e uma admiração pelo oponente, sendo em algumas passagens até mesmo verbalizadas.

John Wick 3 : Parabellum expande consideravelmente o universo que envolve a Alta Cúpula e os mais diversos assassinos que atuam ao redor do mundo, deixando o telespectador pensar que se todos os caminhos traçados até o presente foram apenas uma preparação, já pode-se imaginar que o conflito está começando agora, onde cenas nunca vistas são elaboradas e executadas, que espelham os anseios de cada personagem (vide o envolvimento de Halle Berry nas duas cenas que protagoniza), ao passo que reflete em paralelo um sentido de conexão entre os que matam – todos se compreendem pelo que fazem. Logo, apesar de não explicarem como certos personagens chegaram até o momento em que nos é apresentado, o telespectador não perde o desdobramento da trama, que é o fato de John Wick ser o assassino mais procurado ao redor do mundo, assim como que ainda há muito assunto a ser resolvido com os membros da Alta Cúpula. Eles que se preparem, pois Baba Yaga está voltando!