Overview
Dispensado pela namorada de longa data quando os dois estavam prestes a morarem juntos, Júlio anda pensativo. Para deixá-lo ainda mais atordoado, ele descobre a existência de um pai biológico que acabara de falecer, deixando para o rapaz uma herança. Instigado pela nova figura que emerge em sua vida, Júlio decide pesquisar a história de seu pai, e nesse movimento acaba descobrindo também uma prática de autoconhecimento.
Odilon Ricardo – interpretado por Gabriel Leone – foi um cantor famoso que, ao morrer, deixou dois filhos que até então não sabiam do parentesco. Júlio Tavares, também interpretado por Gabriel Leone, é dentista, e está tentando superar o término com sua ex-namorada Alice (Carla Salle). Felipe, interpretado por Felipe Frazão, quer seguir a carreira de músico como o pai, e também criar um laço com o irmão. É ele quem procura Júlio, conta sobre o parentesco e demonstra interesse em desenvolver um laço familiar.
Na tentativa de criarem esse laço, os irmãos se aproximam e passam por processos de autoconhecimento juntos. Dirigido por Rafael Gomes, Meu álbum de amores completa a Trilogia dos Corações Sentimentais, composta pelos filmes Música para Morrer de Amor e 45 Dias sem Você. O filme traz referências teatrais e se passa na cidade de São Paulo, com uma atmosfera dos anos 70, intercalando interpretações musicais com comédia e dramas dos personagens.
Na trama, os irmãos procuram pelo “amor da vida” do pai, com quem deixariam as cinzas dele. Nessa jornada, descobrem vários amores e conhecem mais sobre a sua história. Para cada descoberta, há flashbacks e apresentações musicais de Odilon, fazendo com que o telespectador conheça o músico junto com os seus filhos. Para a trilha do filme, Arnaldo Antunes e Odair José firmaram parceria, gravando seis composições juntos.
O filme e as músicas nos fazem refletir sobre recomeços, começos e términos de ciclos. O personagem Júlio, em um primeiro momento lembra o Tom (500 dias com ela), imerso na frustração que o término do seu relacionamento trouxe, Júlio em alguns momentos é pouco carismático e traz algumas falas problemáticas. Quando descobre que é herdeiro de um pai biológico que nunca conheceu, e que tem um irmão, o personagem passa por recomeços, e cria novos dilemas, que antes eram só em relação à ex-namorada, e depois passam a ser em relação à família – um destaque aqui para a relação com a sua mãe, interpretada por Maria Luisa Mendonça -, à profissão e a todos que o cercam, incluindo sua colega de profissão, interpretada por Olivia Torres.
A linha é tênue entre um personagem que está passando por um processo de autoconhecimento, e um personagem que pensa somente em si e em seus sentimentos, tendo atitudes impulsivas sem realmente levar em consideração os sentimentos das outras pessoas – como no caso de Olivia.
Enquanto o seu irmão Felipe se demonstra um personagem mais carismático, sonhador e aberto para os afetos, ajudando até na desconstrução de Júlio em diversos aspectos. Felipe faz parte da comunidade LGBTQIAP+ e tem como referência Ícaro Silva. Quando passa por frustrações no seu relacionamento – que mistura o amoroso com o profissional – o personagem também tem algumas atitudes impulsivas, e Júlio demonstra estar ao lado do irmão, ficando perceptível a evolução do personagem e da relação entre eles.
Os irmãos passam por diversos processos de autoconhecimento juntos, e mesmo sendo de formas diferentes, um ajuda e fortalece o outro, ficando como a maior herança que Odilon deixa para os filhos a relação de irmandade que eles constroem. E aí, o álbum de amores passa a ter outras perspectivas além do amor romântico.
Imagine um álbum com todos os seus amores, e músicas que representem cada um(a). As músicas fazem parte não só das trilhas sonoras dos filmes, como também das vidas. Quantos amores cabem em uma vida? Qual boa história de amor não tem uma música? ou um álbum com várias músicas? Neste filme, tem várias. Afinal, todos podem ter o seu álbum de amores, independentemente do tipo que sejam esses amores.