Overview
Miguel é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.
Mesmo emplacando resultados positivos como Divertidamente e Carros 3, alguns filmes, como, O Bom Dinossauro, por exemplo, parecem aumentar a distância entre o estúdio e seus tempos áureos. E é nessa época de incertezas que Viva – A Vida é uma Festa (Coco) te faz repensar e reconhecer que a Pixar não deve ser subestimada.
Divertidamente demonstrava sentimentos com representações de fácil entendimento infantil, os sentimentos eram retratados como pequenos personagens físicos que possuíam expressões afetivas, possivelmente tornando o filme apelativo emocionalmente, com um ar dramático carregado. Viva se opõe a essa característica, desenvolve o drama, e temas considerados tabus, com mais sensibilidade, possibilitando ao telespectador sentir gradativamente todas as emoções vivenciadas, tanto pelo protagonista da trama quanto por seus familiares.

© 2017 Walt Disney Pictures − All right reserved.
Em Viva – A Vida é uma Festa há Miguel, protagonista do filme, um menino de 12 anos. O sonho de Miguel é ser um músico famoso, porém, sua família desaprova seu sonho, já que aboliram a música de suas vidas por uma antiga história negativa, marcante e traumática relacionada a cantores. A medida em que os atos vão passando, você passa a entender essa história e se emocionar com cada personagem da família. Os personagens são carismáticos, nos fazem desenvolver empátia por eles de forma natural.
A proibição da música poderia gerar polaridades fáceis para resumir o papel de cada personagem, mas a maturidade de não vilanizar ninguém, abrir portas para resolver os conflitos com diálogo deixa o drama familiar ainda mais comovente. Comoção, por sinal, é o que não falta, já que temos uns três momentos absurdamente emocionantes – a sessão que começou com piadas sobre o título original e terminou com marmanjos enxugando as lágrimas.

© 2017 Walt Disney Pictures − All right reserved.
Mas as lágrimas não vem sozinhas, já que a música não só é parte crucial da cultura e trama do roteiro como quase um personagem à parte. As músicas tocadas no violão por Miguel, os clássicos de Ernesto de la Cruz, um divertido festival de música… Todos momentos embalam o filme num ritmo dançante e divertido, mas é a “Lembre-se de mim” que vai te fazer chorar, cantar e simplesmente não tirá-la da cabeça. É de longe um dos melhores temas da Pixar desde as inesquecíveis faixas de Toy Story.
A trama se desenrola tão bem desvendando a mitologia do mundo dos mortos e antecipando a entrada de alguns personagens, que não se sente a necessidade nenhuma de um vilão ou desafios – além do principal e fundamental, o tempo – para que haja os fechamentos dos ciclos. Mesmo assim, há reviravoltas na trama, que consegue surpreender até os mais desesperançosos dos telespectadores. O vilão em si, por sua excentricidade e carisma, também vale mais uma comparação com Toy Story.

© 2017 Walt Disney Pictures − All right reserved.
Não só mais um filme seguindo a fórmula Pixar à risca, com muita diversão e drama, é admirável também a forma de lidar com a cultura mexicana com o devido respeito e atenção, deixando as questões sobre a morte e o morrer, tanto literais como o morrer metafórico e simbólico – sendo este, o esquecimento em si – ressaltando ainda mais a importância da musica tema “Lembre-se de mim” – suaves e naturais até pro mais radical estadunidense ou qualquer pessoa que siga outras bases religiosas e não conheça essas crenças. A representação tem tanto peso que não é surpresa o filme ter tomado proporções históricas no México, e ainda força para viajar o mundo inteiro. É um grande acerto da Pixar que pode facilmente se encontrar na lista dos melhores futuramente, e dá mais crédito para que eles realmente esqueçam as sequências e façam mais apostas arriscadas como essa.
Crítica por: Elvis de Sá do Legado da Marvel