Publicado em 08 de dez de 2016 por Tarcio Matos

Westworld

Overview

O mau-funcionamento de um robô provoca destruição e terror para um grupo de pessoas que passa férias no Westworld, um parque de diversões futurístico para adultos. O Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins) é o brilhante, taciturno e complicado diretor criativo, chefe de programação e presidente do parque, que tem várias ideias para melhorar o local – e métodos difusos de alcançá-las. Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood) é uma típica garota de fazenda que vive na fronteira do parque, e está prestes a descobrir que toda a sua existência não passa de uma muitíssimo bem elaborada e arquitetada mentira.

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Em 1973, o diretor Michael Crichton lançou Westworld, o primeiro longa a usar computação gráfica em 2d. Três anos depois, em 1976, veio a continuação, Futureworld, que foi o primeiro longa da história a usar computação gráfica em 3d. A franquia terminou com Beyond Westworld, uma minissérie que foi cancelada no terceiro episódio e nunca foi finalizada. Apesar da franquia não ter terminado bem, ficou claro que Westworld inovou no cinema. Hoje em dia está inovando na tv.

Em um canal grande como a HBO, a série está trazendo para o público mainstream uma produção experimental, o que é muito difícil de se ver. Diferente da maioria das produções americanas do cinema e tv, aqui não temos uma produção que mastiga e joga na boca do seu público ou presume que as pessoas não tem capacidade de entendê-lo, ele arrisca com um material complexo justamente confiando em seu público. Em vista da audiência e recepção positiva, podemos concluir que Westworld foi muito mais que bem-vindo.

TEXTO SEM SPOILERS:

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O roteiro do Jonathan Nolan e Lisa Joy é uma das maiores preciosidades desse show. É evidente o cuidado absurdo que tiveram com cada ponto, pois não há furos. Tudo é amarrado de uma forma impressionante.  O roteiro não é excelente apenas por nos surpreender, mas por fazer com que todos os caminhos sejam construídos com inteligência, através de cada diálogo e cenas que nos levam à desfechos de arrepiar.

O orçamento grandioso ajudou à criar uma ambientação impressionante entre dois gêneros(ficção científica e faroeste) completamente diferentes, misturado com a belíssima fotografia e direção que criaram uma separação interessante dos dois lados da trama. A direção foi evoluindo com o tempo, adicionando cada vez mais estilo com enquadramentos centralizados e demonstrando uma melhora crescente. As cenas na parte dos humanos utiliza enquadramentos mais fechados e tons frios, criando uma atmosfera mais densa, enquanto as cenas do parque utilizam enquadramentos mais abertos e tons quentes, tentando passar a ideia de liberdade do local.

A trilha sonora é uma aliada poderosa. Radiohead, Amy Winehouse, Rolling Stones e Soundgarden foram alguns dos artistas que além de terem versões instrumentais incríveis, contribuíram muito para a narrativa com as letras das músicas.

Como de costume, a série não é perfeita. Conforme vai avançando, ela se dedica à algumas sub-tramas pouco envolventes que atrapalham o ritmo, criando uma enrolação. Apesar de ser compreensível a atenção para tentar desenvolver alguns personagens secundários, poderiam ser substituídos por algo mais importante.

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Definitivamente o elenco não se sustenta apenas de rostos conhecidos, várias interpretações aqui são descomunais. O papel do Anthony Hopkins(Ford) não só caiu perfeitamente pra ele, como considero um dos melhores personagens da carreira dele. Thandie Newton(Maeve) rouba todas as cenas em que está, é quase impossível não torcer por ela, aquela determinação e entrega fez ela ser inesquecível. Evan Rachel Wood(Dolores) consegue ir da mocinha inocente à badass destemida em segundos, é um papel muito desafiador, pois ela teve que encontrar diversas nuances dentro da uma única personagem, e criou tudo de uma forma prodigiosa. Menção honrosa para Ed Harris(Men in Black), Jeffrey Wright(Bernard)Jimmi Simpson(William) e Rodrigo Santoro(Hector), além do todo o resto do elenco que estava muito bem. Nenhum personagem está na trama por acaso, cada um tem seu desenvolvimento particular.

“Mentiras que contavam uma verdade profunda”. Este trecho faz parte de um monólogo genial que resume um dos grandes objetivos da série. É ficção, mas nos mostra uma verdade pertinente. Dentro dessa trama complexa de Westworld, existe uma grande profundidade filosófica sobre nós, seres humanos, e como agimos. Críticas que nos mostram como o mundo é doente. Esse parque não transforma ninguém em uma pessoa pior, só facilita para que os verdadeiros demônios que vivem escondidos por trás de uma máscara em uma sociedade comum, se revele em um mundo cão.

Westworld chegou para ficar. Precisamos cada vez mais de séries de qualidade que fujam do óbvio e acreditem em seu público. Começamos maravilhados e terminamos arrepiados com um season finale excepcional. Agora, nos resta ter forças pra esperar até 2018.

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