Publicado em 07 de out de 2022 por Mayara Armstrong

Híbrido entre documentário e ficção premiado no Cinéma du Réel e no IndieLisboa, filme será apresentado no dia 14 de outubro na programação do evento carioca.

Depois de uma carreira de sucesso em festivais estrangeiros MATO SECO EM CHAMAS, dirigido por Adirley Queirós e a portuguesa Joana Pimenta, tem sua primeira sessão no país na Mostra Competitiva de Longas de Ficção, na Première Brasil do Festival do Rio de 2022. O filme terá sua sessão de gala no dia 14 de outubro, e é uma produção da brasileira Cinco da Norte em coprodução com a portuguesa Terratreme. A distribuição é da Vitrine Filmes.

Após estrear no 72o Festival de Berlim, no começo do ano, o longa tem feito carreira por diversos eventos internacionais, recebendo críticas super positivas e prêmios. No Cinéma du Réel, um dos mais importantes para o gênero documental, foi vencedor da Competição Internacional. Também foi duplamente premiado no IndieLisboa International Independent Film Festival, na competição de longas com o Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa, e, também, como melhor filme português. O filme também recebeu os prémios principais nos festivais Dokufest no Kosovo, Athens Avant-Garde na Grécia, e Black Canvas no México. Depois de sessões no Toronto International Film Festival, no New York Film Festival, no AFI, bem como em Mar del Plata e Valdivia, o filme tem distribuição em salas de cinema confirmada nos Estados Unidos (Grasshopper Films), Portugal (Terratreme Filmes), Reino Unido (Institute of Contemporary Art London), e no Brasil pela Vitrine Filmes.

Diretora de fotografia de Era uma vez Brasília, de Adirley, Joana também assina a direção e o roteiro deste filme que desafia classificações e a linguagem cinematográfica, combinando documentário com elementos do faroeste e ficção-científica. A fotografia, novamente, é assinada pela cineasta portuguesa.

Como é de costumes nos filmes de Adirley, a ação de MATO SECO EM CHAMAS se passa na Ceilândia, periferia de sua cidade, e tem, ao centro, as irmãs Chitara e Léa, líderes de uma gangue feminina, que rouba óleo de um oleoduto, refina-o, e vende como combustível na favela Sol Nascente. A história do grupo é relembrada por suas membras na prisão.

Acredito que o Brasil esteja em busca de uma certa sensibilidade, já que sensibilidade é definida por classe, território e pensamento. O cinema brasileiro tem a necessidade de retratar a realidade, e se assume que a câmera estática não permite esse tipo de sensibilidade, caindo então num formalismo. Para nós, esse formalismo deu uma nova força para a realidade. Estabelecemos um código, no qual a energia pertence aos personagens”, conta Adirley sobre as escolhas estéticas da dupla em entrevista à Variety.

Marcada pela trajetória das personagens, a narrativa de MATO SECO EM CHAMAS combina o documental com a ficção no arco de transformação de suas protagonistas. “Procuramos mulheres que tinham uma história que trazem uma melancolia, cujos rostos e corpos são marcados por essa história de liberdade e aprisionamento. Uma geração inteira que foi encarcerada e tem o sentimento de não saber se está no presente, passado ou futuro. Você vai para a prisão e o que para você é um dia, para o resto do mundo são anos. É quase coisa de ficção-científica. O tempo é relativo”, explica Joana.

Definido pelo francês Le Monde como uma combinação de Mad Max com o cinema de Pedro Costa, o jornal escreve: “Bem-vindo ao Brasil de Jair Bolsonaro, onde dois cineastas – o brasileiro Adirley Queiros e a portuguesa Joana Pimenta – unem forças para encenar uma docuficção que sonha com a revolta. MATO SECO EM CHAMAS, filmado com não-profissionais desempenhando seu próprio papel mesmo na fantasmagoria onde o projeto do filme os conduz

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