Overview
Arthur Curry (Jason Momoa), mais conhecido como Aquaman, ainda é um homem solitário, mas quando ele começa uma jornada com Mera (Amber Heard), em busca de um algo muito importante para o futuro de Atlantis, ele aprende que não pode fazer tudo sozinho.
Liga da Justiça veio como a promessa de um grande triunfo na história da DC no cinema, ao trazer seus principais heróis finalmente juntos. A tentativa, como já sabemos bem, caiu por terra, e a Warner se viu obrigada a dar uma grande freada em todos planos feitos até então. Com isso, parece que sobrou todo o tempo necessário para o estúdio reavaliar com muito cuidado como seria seu próximo projeto, o primeiro filme solo do Aquaman.
O Arthur Curry de Jason Momoa foi apresentado rapidamente em Batman V Superman, e teve grande destaque no filme da Liga, mas esqueça tudo que foi apresentado até agora, pois o Aquaman de James Wan é um reboot silencioso do DCEU: ignorando qualquer mitologia estabelecida para o personagem até então, tendo o diretor toda a liberdade para reconstruir esse universo sem se preocupar com qualquer conexão futura ou passada. E talvez seja esse um dos principais acertos do filme! A DC não tem um plano ou um arco interessante para interligar os filmes, e admitir que essa é uma aventura isolada, é a maturidade que se esperava do estúdio desde o começo.
Falando em reboot, toda a concepção do mundo sub-aquático aqui é apresentado como uma indireta nervosa para Zack Snyder. Esqueça o lance de diálogos feitos dentro de bolhas dentro do oceano, o filme explora o máximo que pode a imersão da nova Atlântida, fazendo a física submersa funcionar como um conceito realista, ao mesmo tempo que se esbaldeia do absurdo e exageros. O exagero, funciona muito ao se basear em H.P. Lovecraft para dar um tom grotesco e medonho a todas criaturas marítimas, sendo essa a maior herança da experiência de Wan com os filmes de terror.
James Wan não traz apenas suas raízes no terror, mas eleva-se ainda mais como um ótimo diretor de ação! Wan mostra um esforço fora do comum até para blockbusters épicos, fazendo cada pequena cena de ação, em algo digno de climáx de batalha final. O filme já começa com uma luta (e plano sequência) que deixa muito filme pra trás. A coreografia é empolgante, brutal, e artísticamente inspirada. Não se engane pelos trailers, o plano sequência da perseguição na Sicília consegue ser ainda mais alucinante no filme, e quando parece que não tem como as coisas ficarem ainda mais exageradas, uma guerra aquática digna de Senhor dos Anéis chega com os “dois pés” trazendo garanguejos gigantes, krakkens, guerreiros nadadores, Aquaman e Mera nadando em cima de tubarões e baleias. Sim, é um absurdo, mas um absurdo tão bem feito que mostra as vantagens de se ter um diretor com toda a liberdade criativa possível.
A direção majestosa de Wan pode acabar trazendo a ilusão de que o filme é melhor do que realmente é, já que toda a beleza estética compensa o vazio do roteiro, que sofre por ser mais uma história de origem com rivalidades de meio-irmãos envolvendo algum reinado. Mas por incrível que pareça, mesmo estando no nível máximo de overacting, Jason Momoa segura bem o filme, e consegue ter química com quase todo o elenco, principalmente a verdadeira esforçada Amber Heard, Willem Dafoe e Patrick Wilson, que consegue deixar o vilão menos genérico e esquecível do que é no papel. Nicole Kidman é um espetáculo à parte. A decepção do filme é mesmo o quão descartável é o personagem de Yahya Abdul-Mateen II, que só está ali para forçar um gancho pro segundo filme.
Diferente de todos os últimos filmes da DC, o ritmo não se perde completamente no terceiro ato, e ter um filme inteiramente bom e assistível desse jeito, vai servir como a grande esperança que os DCnautas precisavam após tantos filmes cheios de problema. A noção de que um filme pode ser bom e divertido por si só, promete um entendimento maior da DC perante seu universo cinematográfico, e com Shazam e Mulher-Maravilha 2020, temos a chance de ver o estúdio finalmente provando que aprendeu a lição que todos os estúdios aprenderam: Faça bons filmes, depois se preocupe em montar o resto.
Aquaman já foi comparado com os filmes da Fase 1 da Marvel Studios, e é realmente pelo fato do filme ser datado e entender a fórmula desses filmes com 10 anos de atraso. Mas não foque na parte negativa do panorama, ver um personagem desses sendo bem introduzido é algo que não esperava após os fracassos nos últimos dois anos. Toda comemoração é válida, e foi bem emocionante compartilhar essa experiência com mais de 3 mil fãs na CCXP18!
Crítica por: Elvis de Sá do Legado da Marvel