Publicado em 10 de set de 2018 por Mayara Armstrong

Loveling

20181 h 35 min
Overview

O primogênito de uma família de classe média é convidado para jogar handebol na Alemanha e lança sua mãe (Karine Teles) em uma espiral de sentimentos pois, além de ajudar a problemática irmã (Adriana Esteves), lidar com as instabilidades do marido (Otávio Müller) e se desdobrar para dar atenção ao seus outros filhos, ela terá de enfrentar sua partida antes de estar preparada para tal.

Metadata
Director Gustavo Pizzi
Runtime 1 h 35 min
Release Date 3 agosto 2018
IMDb Id tt5707048
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Crítica por Kauana Amine

Com muita sensibilidade, o filme “Benzinho” retrata a vida de uma família focando no filho primogênito de Irene e Klaus, que recebe uma proposta para jogar na Alemanha, e os sentimentos da mãe, interpretada por Karine Teles, diante de permitir que o filho voe e realize seu sonho, e ao mesmo tempo, a ansiedade e receio de tê-lo tão longe.

A história se repete em muitas famílias: o filho que sai de casa, a “síndrome do ninho vazio”, os dilemas de realizar os sonhos X o conforto do lar, os conflitos internos dos pais aceitarem que os filhos cresceram e vão construir suas vidas X a vontade de tê-los perto. Tudo isso é mostrado em “Benzinho” através de uma simplicidade acompanhada de personagens tão ricos e carismáticos. Personagens estes que podemos facilmente nos identificar, ou identificar alguém que conhecemos. Com personalidades diferentes, mas repletos de sentimentos e singularidades que ficam explícitos, mesmo quando não é através dos diálogos e sim de atitudes.

Image from the movie "Loveling"

© 2018 Mutante Cine − All right reserved.

Como, por exemplo, em uma cena, dias antes de Fernando partir para a Alemanha, na qual os quatro irmãos estão no banheiro, enquanto ele cuida e banha os irmãos menores, que eram gêmeos, e conversa com o irmão do meio. Transmite ao telespectador o sentimento do primogênito, a vontade de aproveitar os momentos com a sua família antes de partir para a nova etapa da sua vida, em outro país. Um roteiro simples, mas repleto de detalhes que remetem ao cotidiano, a pequenos momentos que podem ser grandes momentos.

O diretor do longa, Gustavo Pizzi, também traz metáforas ao colocar a família em uma situação na qual precisam sair da casa em que viveram toda a vida e são apegados, pois construíram memórias afetivas pelos momentos que passaram ali. É necessário fechar o ciclo daquela construção familiar da maneira que eles eram acostumados. É necessário fechar esse ciclo da casa. É necessário recomeçar. É necessário mudar, permanecer em movimento, construir novas memórias, de maneiras diferentes.

Outro ponto importante a ser comentado é a personagem Sônia, interpretada pela Adriana Esteves. Sônia é irmã de Irene e passa um tempo junto com a família de Irene, ao ter sido vítima de violência doméstica pelo marido. Sônia retrata muitas mulheres brasileiras que precisam ser vistas e ouvidas. Entretanto, ela tem a coragem de falar e manter a sua decisão de ficar longe do homem que a violentava. Com o apoio da família da irmã, Sônia e o filho ficam com a família de Irene. A relação das duas é muito bonita. Destacando uma cena em especial, que Irene se forma no ensino médio.

© 2018 Mutante Cine − All right reserved.

Também são expostos os reflexos que os conflitos do relacionamento entre Sônia e o marido causam no filho de ambos através a negação do menino em ver o pai, expressões e atitudes dele. É possível comparar este relacionamento com o do casal principal do filme. São conflitos diferentes, enquanto Irene, Klaus e os filhos precisam lidar com questões como a saudade e “banalidades” do dia-a-dia, a outra família precisa lidar com questões mais complexas, como uma relação conturbada e seus conflitos.

É perceptível também a sintonia entre os atores, transmitindo emoção, mas também certa leveza nas atuações. Uma curiosidade é que os filhos gêmeos do casal principal são filhos de Karine Teles – e o diretor Gustavo Pizzi – na realidade, o que talvez contribua para essa sintonia, conseguindo transmitir uma relação bem próxima da realidade. É um filme que transmite muita simplicidade e muita riqueza através dos personagens, relações familiares e metáforas, podendo causar reflexões, emoções e causar identificação com o roteiro (ou com algum dos momentos que ele apresenta).

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