Overview
Auggie Pullman (Jacob Tremblay) é um garoto que nasceu com uma deformação facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele pela primeira vez frequentará uma escola regular, como qualquer outra criança. Lá, precisa lidar com a sensação constante de ser sempre observado e avaliado por todos à sua volta.
O papel de um filme não é apenas entreter o público que o assiste, é, também, muitas das vezes, a possibilidade de experenciarmos uma vivência diferente, única, algo que nos transmita sentimentos, nos afete, nos transforme. Nos faça desenvolver olhares de diferentes pontos de vistas sobre uma determinada situação ou pessoa, e esse é exatamente o papel de Extraordinário – tanto o filme quanto o livro homônimo escrito por R. J. Palácio, lançado em 2012.
Stephen Chbosky, diretor do longa, é conhecido por adaptar outro best seller único, simples e com uma grande carga emocional, o filme As Vantagens de ser Invisível. Em ambos – e, pasmem, seus únicos filmes como diretor -, o cineasta conseguiu despertar no público empatia, e, claro, emocionar. Todos os personagens do elenco – protagonistas e coadjuvantes – exercem uma atuação digna, e humanizada. Cada um com seus dilemas e dificuldades: Auggie (Jacob Tremblay), aluno novo na escola, que, pela primeira vez esta indo para uma escola, se sente constantemente diferente, observado e discriminado por sua aparência; Via (Izabela Vidovic), irmã mais velha que vive as sombras do irmão, se sente excluída na família, como se nada de ruim sobre ela fosse ruim o suficiente perto do que o irmão vive diariamente;
Isabel Pullman (Julia Roberts), mãe de Auggie, que, desde seu nascimento abnegou de sua vida para viver em prol do filho. Como mãe, Isabel se sente incapaz e impotente perante os acontecimentos vividos por ele. Julia Roberts entrega uma atuação com grande carga dramática – assim como o prodígio Jacob. E, para fechar a composição familiar, temos Nate Pullman (Owen Wilson), personagem mais contido, o “pai amigão”. O forte de Owen Wilson com certeza não é drama, e em Extraordinário não é diferente, com nuances típicos de seu personagem em Marley e Eu, o ator entrega um personagem com ar cômico, fazendo-o piadas leves e espontâneas – seu personagem é memorável apenas em uma única cena dramática.
Jacob Tremblay, desde O Quarto de Jack, conseguiu nos cativar por sua autenticidade, simpatia, espontaneidade e grande carisma, e não é diferente ao dar vida a Auggie Pullman, um menino que possui deformidade facial por ter nascido com uma síndrome genética. Desde o primeiro momento, Auggie desperta a atenção do público – por todas características citadas -, há uma conexão forte, você torce para que o protagonista – e demais personagens – enfrente(m) as dificuldades da melhor forma possível.
Nós, muita das vezes, não conseguimos nos colocar no lugar de quem sente, e isso é comum – afinal somos a geração do vitimismo, do “mimimi”, do “o mundo está chato” né? – , é comum julgar, visto que não é conosco. E essa é a grande sacada do filme: Ele desenvolve seu potencial afetivo. A partir dos olhos de Auggie, e das pessoas que o cercam, o público vivência todas as situações, ampliando seu olhar, este muita das vezes julgador e limitado: Como trato as pessoas? Trato todas de forma igual? Por que as trato assim? Como essas pessoas me afetam, direta ou indiretamente, e como lido com isso?
Assim como no livro, o filme é dividido pela visão dos personagens sobre cada situação, um destaque essencial na adaptação e no enredo, não centralizado no bullying escolar, ou no padrão de beleza socialmente construído. Debate assuntos como: Relações Interpessoais; Superproteção x Desamparo; Insegurança Infantil; Luto; adolescência x Fase Adulta; Classe social; Atualidade x Desatualização. Outra característica marcante são as referência que o livro trás, algo limitado na adaptação, restando apenas – e não menos significativa – referências a Star Wars – estas conquistam até os mais velhos e maduro dos corações.
O titulo também merece destaque, faz jus a essência transmitida: Além do comum/ordinário: A única razão de eu não ser comum – ordinário –, é que ninguém me enxerga dessa forma.
Bem adaptado, e muita das vezes previsível, Extraordinário é comovente e possui grandes frases de impacto. Com certeza, não é mais do mesmo.