Overview
As divisões mentais daqueles que sofrem de transtorno dissociativo de identidade há muito tempo que fascinam e iludem a ciência, e acredita-se que algumas dessas pessoas possam manifestar atributos físicos únicos para cada personalidade, um prisma cognitivo e fisiológico dentro de um único ser. Embora Kevin tenha evidenciado 23 personalidades à sua psiquiatra de confiança, Dra. Fletcher, existe ainda uma oculta, preparada para se materializar e dominar todas as outras. Forçado a raptar três adolescentes, incluindo a obstinada e observadora Casey, Kevin inicia uma guerra pela sobrevivência, juntamente com todos os que estão contidos dentro dele – bem como com todos os que estão à sua volta – quando as paredes entre os seus compartimentos se quebram.
Escrever é uma arte, é necessário inspiração. Pode ser um livro de ficção científica, uma dissertação ou até uma critica cinematográfica: irão ter dias em que o texto não vai sair de sua mente e pousar no papel. Você pode aprender a se forçar a escrever quando é realmente necessário, mas não será a mesma coisa. Eu fiquei quase três meses sem escrever uma crítica e até hoje não entendo o motivo da falta de inspiração. Mas, mais importante nesse momento, é a inspiração de M. Night Shyamalan! Depois de alguns trabalhos ruins e medianos, Shyamalan está de volta com o que poderia facilmente ser seu melhor trabalho! E a motivação para eu sair da minha greve mental!
O filme conta a história de três garotas que são sequestradas por um homem que possui 23 personalidades diagnosticadas. Elas devem tentar escapar antes da suposta aparição de uma assustadora 24ª. E é só isso que você precisa saber!
Quando se trata de um thriller, é muito comum a história ficar em segundo foco pelas tentativas de causar medo ou simplesmente termos um ótimo começo que decai até o fundo do poço enquanto se desenvolve. Não é o que temos aqui! Shyamalan, com seu habitual controle total (roteirizando, produzindo e dirigindo o filme) entrega algo que só podia ter saído de sua mente e que evolui a cada minuto de tela, enquanto mais segredos são revelados. É um roteiro simples, mas inteligente, cheio de momentos de ansiedade e de nervosismo que já valem o ingresso!
Mas não posso deixar de lado o principal motivo de o filme funcionar: JAMES McAVOY!
Fazia um bom tempo que não via uma atuação tão dedicada em um filme de suspense. O que McAvoy faz aqui é desenvolver tão bem as diversas facetas do personagem que, em momento algum, elas se confundem. De trocar de personalidade entre uma fala e outra e você nunca ficar confuso com o que ele está fazendo. Eu sempre achei ele um bom ator, mas, depois desse filme, eu acredito que o subestimei por muito tempo. Esse era o papel que ele sempre precisou e, se o mundo é justo, ainda vai render boas indicações para ele.
Mas é claro que um bom antagonista só é tão bom quanto a pessoa a quem ele antagoniza. E é Anya Taylor-Joy que leva o título de surpresa do filme. A modelo, que já provou ser ótima no gênero, interpretando nossa querida Thomasin em A Bruxa (The VVitch, 2015), se prova como atriz mais uma vez e entrega uma atuação sensível e profunda. Ela tem muita história de vida, que nos é mostrada durante o longa, e isso pesa em sua atuação, que vai ficando mais clara cada vez que temos os vislumbres de seu passado. Ponto para Anya, que conseguiu chamar atenção mesmo competindo com a atuação monstruosa de McAvoy.
Com alguns elementos que podem fazer você se lembrar inicialmente de Rua Cloverfield 10 (10 Cloverfield Lane, 2016), o filme lentamente (mas sem perder a pulsação) vai construindo sua própria identidade. É um filme que o ritmo continua intacto do começo ao fim, sendo em conversas no sofá com a psiquiatra ou em cenas de correria. Exemplo de direção. Apesar de o último ato ser um tanto conveniente, com coisas levemente absurdas acontecendo só pra narrativa poder andar um pouco mais, isso não afeta o resultado final, que é um filme de suspense muito bem sucedido.
Fragmentado (SPLIT) é uma obra que merece a repercussão que está tendo e o dinheiro que está fazendo. Shyamalan mostra que ainda tem criatividade e talento para fazer o absurdo parecer real nas telas e causar uma inquietação que deixou uma sala de cinema lotada em silêncio, mesmo nos momentos em que existe um leve humor. Seja pelas atuações, pela direção ou apenas pela vontade de assistir algo diferente no cinema, Fragmentado é a escolha certa!
RECOMENDADO!