Overview
Depois de atuar ao lado dos Vingadores, chegou a hora do pequeno Peter Parker (Tom Holland) voltar para casa e para a sua vida, já não mais tão normal. Lutando diariamente contra pequenos crimes nas redondezas, ele pensa ter encontrado a missão de sua vida quando o terrível vilão Abutre (Michael Keaton) surge amedrontando a cidade. O problema é que a tarefa não será tão fácil como ele imaginava.
Depois de muito tempo, eis que Sony e Marvel se unem para lançar um dos melhores – se não o melhor – filme do Aranha. Partir de adaptações não tão fiéis é difícil, lançar um reboot e tentar que ele seja aceito pelo público, mais difícil ainda. Agora imagina insistir na história do herói novamente, mesmo depois de três filmes não surpreendentes e uma má reputação? Pois bem! Esse foi o desafio da união entre a Sony e Marvel – e temos que agradecer por essa insistência.
A primeira cena do filme foi divulgada na internet – você pode conferir aqui – narra a história do próprio Peter, gravando pelo seu celular, suas aventuras e reações referentes ao primeiro contato com Tony Stark, sua ida para o hotel, o recebimento de seu novo traje, e sua primeira aparição lutando junto aos Vingadores, em Capitão América: Guerra Civil.
O filme retrata muitos desenvolvimentos positivos, principalmente relacionado ao Peter e sua jornada do herói. Tom Holland e o diretor, Jon Watts, trazem a mescla perfeita entre os personagens protagonizados por Tobey Maguire e Andrew Garfield. Os problemas comuns na vida de um jovem do Queens de 2002 misturado com o bom humor de 2012, tendo uma transição mais equilibrada entre as personas Peter Parker e Homem-Aranha.
Manteram características fortes do personagem, mostrando um Peter desajustado na escola, ao mesmo tempo que se destaca por sua inteligência e é apaixonado por uma garota – nesse caso, seu primeiro interesse amoroso, Liz Allen. O personagem está em construção para se tornar no ideal de um super-herói, ao mesmo tempo que é um adolescente inseguro e zoado na escola, Peter busca a aceitação por parte do Tony, já que tem esperança de ser chamado novamente para se juntar aos Vingadores e fazer parte oficial da equipe.
Diferente dos outros filmes do personagem, este foca em sua adolescente, na época do colégio, trazendo o início de sua história sem os clichês já conhecidos – aqui jaz Tio Ben. Junto consigo, vem os personagens ainda não adaptados cinematograficamente – mas conhecidos pelos fãs das HQ – como por exemplo: Liz Allen, Shocker e Ned Leeds. O já conhecido Flash Thompson cumpri seu papel de infernizar a vida de Peter ridicularizando-o constantemente. Houve uma evolução na adaptação do personagem, que sempre tinha pouco tempo em tela e agora aparece do início ao fim.
Ned é o fiel companheiro – e a dupla funciona quase como um Chris e Greg (Todo Mundo Odeia o Chris) –, um coadjuvante essencial para a história, que compreende os sentimentos do Peter, realçando mais as dores do personagem – já que descobre acidentalmente o segredo do amigo. Ao mesmo tempo que quer ajuda-lo, Ned fica empolgadíssimo com a ideia querendo sair contando para todos que conhece pois sabe o quanto essa notícia mudaria a forma como são reconhecidos na escola. Michelle, outra personagem secundária, ao meu ver, rouba a cena, sempre com comentários e comportamentos irônicos. Michelle – e Betty – provavelmente serão melhor desenvolvidas e terão maior foco nas sequências.
Tony Stark tem aparições pontuais no filme – que devem durar algo em torno de 10 minutos – não tirando o foco da jornada do Aranha, algo positivo já que o medo do Stark ofuscar o novo personagem era imenso. O atual líder dos Vingadores passa a ser um mentor para o Peter, ajudando-o ou dando broncas – quando necessário. Capitão América também aparece no longa, esse sendo, de certeza forma, zombado.
É com a adaptação do Abutre que a Marvel demonstra seu jogo de cintura, já que uma das principais reclamações das adaptações do Aranha é justamente a quantidade excessiva de vilões. A produção reúne diversos vilões, esses menos poderosos, passando a ideia que é essa união que pode realmente criar um perigo para o herói. A grande base do Sexteto Sinistro é que separados são derrotados mas juntos podem derrotar o adolescente que lhe causa problemas, logo no primeiro filme esse conceito já é estabilizado. Tempo em tela equilibrado, dando foco ao vilão principal e com uma motivação interessante, o Abutre do mais improvável pode ser um dos vilões mais compreensíveis da tão criticada empresa que insiste em vilões descartáveis – deixe aqui sua lágrima para Mads Mikkelsen.
Os efeitos especiais são consistentes, demonstram uma melhora considerável aos vídeos de divulgação. A paleta de cores se destaca no filme, variando do azul para o laranja sempre realçando as cores clássicas do herói. A readaptação é bem contida, tornando-se tanto uma aventura para sua inclusão na equipe como Vingador, tanto quanto uma aventura na vizinhança, sem forçar o famoso raio azul megalomaníaco tão criticado em Tartarugas Ninjas: Fora das Sombras, Esquadrão Suicida e Quarteto Fantástico.
Referenciando cenas marcantes dos primeiros filmes , tendo uma lista de tudo o que deu certo e errado nas apostas anteriores, Homem Aranha: De Volta ao Lar sabe utilizar tudo o que já funcionou mesclando momentos comuns da adolescência com todo o humor que o personagem permite, cenas de ação divertidas e pontos altos no clímax – deixando o suspense e a empatia do telespectador (a) aflorar -, entregando a melhor readaptação que o Amigão da Vizinhança poderia ter.