Overview
A Liga da Justiça marca a união de vários heróis dos quadrinhos da DC Comics, com destaque para Super-Homem, Batman, Aquaman, Mulher Maravilha, Lanterna Verde e Flash. Ainda não foram confirmados quais integrantes do grupo estarão no filme.
O Universo Expandido DC, até o momento, nos deu mais decepções do que alegrias. Apesar de existir um grupo muito fiel de fãs que consegue ver o lado bom até em Esquadrão Suicida (Suicide Squad, 2016), o único filme que recebeu a aclamação de público e crítica que a Warner tanto sonha foi Mulher Maravilha (Wonder Woman, 2017). Sonhando em mudar isso, Liga da Justiça estréia hoje nos cinemas do Brasil, dois dias antes da estréia mundial e todos deveriam aproveitar o feriado pra ir curtir nossos heróis de infância unidos.
Aquela sinopse para não perder o hábito:
Impulsionado pela restauração de sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman, Bruce Wayne convoca sua nova aliada Diana Prince para o combate contra um inimigo ainda maior, recém-despertado. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam com agilidade um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes, poderá ser tarde demais para salvar o planeta de um catastrófico ataque.
O filme começa mostrando as conseqüências da morte do Superman. O luto por uma figura que representava a esperança para o mundo e entrega uma incrível sequência de títulos ainda melhor do que a de Batman v. Superman (Everybody Knows, do Leonard Cohen e cantada por Sigrid, nunca funcionou tão bem). E é ótimo que sejamos colocados nesse clima antes de a história começar, porque mostra a urgência da união da liga e a necessidade que o mundo tem de acreditar em heróis. Esquadrão Suicida fez um pouco disso em sua própria introdução, mas Liga da Justiça não parece sequer reconhecer a existência desse outro filme. Todos as outras entradas da franquia são referenciadas.
A história segue como planejada, Bruce Wayne recrutando sua Liga da Justiça e boa parte do filme é dedicada a essa união. Nem todos os membros são facilmente convencidos e, enquanto isso a ameaça do vilão cresce. Lobo da Estepe (Steppenwolf, no original) tem o papel de ameaçar o mundo e a Liga… mas não é isso que acontece. Enquanto sua introdução e seu passado tem um clima de vilão épico, o seu tempo presente não tem essa força. A cada momento que passa, e a cada vez que a Liga o enfrenta, ele perde um pouco mais do seu impacto. Os truques dele acabam e a força bruta não parece funcionar pra deter pessoas quase indestrutíveis.
É o grande problema do filme: a pressa. Mais uma vez, o DCEU sofre por querer fazer tudo em pouco tempo. O filme tem suas duas horas de duração para introduzir três heróis completamente novos, um vilão que realmente amedronte e unir tudo isso com uma história cativante. Na falta de tempo para isso, o vilão foi deixado de lado, a história não oferece o risco que deveria… mas a equipe está do jeito que deveria ser. Se essa foi a escolha certa, só o tempo dirá. Mas, no momento, me parece acertado investir na união e nos personagens-título. Para uma franquia, é isso que venderá os próximos filmes.
E que equipe é essa! Ben Affleck é muito eficiente como Batman, mas com menos tempo pra brilhar do que antes, já que esse filme é de Gal Gadot novamente! Ela simplesmente cativa a todos e cada cena sua vale por dez de seus colegas. Dos novatos, Ezra Miller é o que mais funciona em seu personagem. Talvez tenham exagerado um pouco dando todas as falas deles para alívio cômico do filme, mas isso não faz que o carisma do Ezra seja desperdiçado… só torna difícil pensar num filme solo do Flash que não pareça um StandUp Comedy. Que os diretores e roteiristas de Flashpoint (2020) tomem cuidado! Jason Momoa também faz bem seu papel, e temos uma leve introdução pro seu mundo aquático, mas mais que isso só teremos no seu filme solo. E o Ciborg (interpretado por Ray Fisher) é quem tem a melhor introdução nesse universo e, com um pouquinho mais de avanço na computação gráfica, poderia ter um ótimo filme solo.
Em suas interações, temos bons momentos e péssimos momentos. Certas falas que parecem tiradas de um pastelão da sessão da tarde, outras tentam ser mais fortes do que conseguem com o pouco desenvolvimento… mas, entre os erros, existem bons acertos que diferenciam esse filme das decepções anteriores. Ainda não está no auge que poderia estar, mas coloca fé em um universo que antes estava fadado ao fracasso.
Nos coadjuvantes, temos Amy Adams mais uma vez como Lois Lane. Ela é ótima, mas também não tem tempo pra mostrar o que sabe fazer. E a mesma coisa serve para Jeremy Irons (Alfred), J.K. Simmons (Gordon) e Diane Lane (Martha!!!!). Todos, quando em tela, tem uma presença muito forte e que dão credibilidade ao filme. Mas um elenco talentoso desse tamanho em um filme de apenas duas horas é a formula pra desperdício de talento, onde nem mesmo as cenas dramáticas tem o peso que deveriam, porque a pancadaria tá na esquina esperando pra aparecer e ela não dá tempo pra você se importar com o lado profundo da história. Se você quer diversão, o filme não para por um segundo, mas se a ideia fosse diferenciá-lo dos outros filmes de herói pelo conteúdo, ele perde a força.
Na parte técnica, o que mais incomoda é o exagero na computação gráfica até mesmo onde não precisava. Você se acostuma ao passar do tempo, mas tem diversas coisas que ficariam bem melhores se feitas de maneira prática. Do lado positivo, a fotografia do filme está linda e bem mais clara que seus anteriores. Tudo é visível e os planos mais amplos são de encher os olhos. É um filme muito bonito de se assistir.
A trilha sonora do Danny Elfman acerta em cheio! Os elementos clássicos que funcionavam ele trouxe de volta, o que precisava de trilha nova ele fez do jeitinho dele e todo o filme tem uma alma muito mais leve por causa disso. É quase todo o motivo do filme, diversas vezes, parecer um episódio de série animada. A trilha reconhece o que o filme é e direciona a visão do expectador de maneira que música séria ou pesada demais não seria capaz. Bravo, Elfman!
E, apesar de Liga da Justiça te dar espaço para discussões por páginas e páginas de texto, a conclusão aqui (antes que essa crítica vire um livro) é que Liga da Justiça funciona. Serve como a sequência dos anteriores, mas funciona bem sozinho e vai conquistar o coração de quem for querendo um pouco de nostalgia de infância. Se quiser mais que isso, o filme pode não ser o ideal para você. Um vilão ruim e uma trama apressada não são suficientes para tirar o brilho de ver todos unidos pela primeira vez numa tela de cinema. E temos a prova definitiva que o que a Warner mais acertou em seu universo expandido foi no seu incrível elenco, que consegue cativar até com um roteiro fraco.
O filme não precisa de 3D, mas não sofre por ele também.
E tem duas cenas pós créditos. Uma divertida e uma épica, que finalmente coloca a DC num patamar de construção de futuro nível Marvel. E me desculpem por terminar essa crítica mencionando a Marvel, mas ela merece nesse quesito.