Quando falamos de animação, é comum pensarmos nas grandes referências do gênero – filmes norte americanos que o diga – acabando por esquecer dos destaques do cinema nacional, como, o indicado ao Oscar, O Menino e o Mundo. Sabemos da grande limitação que existe no Brasil dentro da cinematografia, o que dificulta ainda mais quando nos referimos a animações. Lino – Uma Aventura de Sete Vidas vem justamente para ressaltar o potencial que o Brasil tem e o quanto devemos incentivar os artistas locais.

O filme conta a história do personagem de mesmo nome que se auto intitula azarado, já que sempre se indaga sobre os acontecimento negativos frequentes em sua vida. Ele é animador de festas infantis, trabalho que se torna maçante, cansativo e desanimador, pois Lino não tem reconhecimento das crianças e não vê retorno em seu trabalho. Com pouca perspectiva de vida, e achando que nada mais de ruim poderia acontecer, ele passa por mais uma surpresa negativa, acaba se envolvendo em uma magia milagrosa contraditória e se transforma na sua própria fantasia: Um gato gigante.

© 2017 Fox International Productions − All right reserved.

Lino – tanto o personagem quanto o filme – é uma típica representação Brasileira. Desacreditado e desempregado, Lino busca uma renda temporária como animador de festas, trabalho que acaba se tornando fixo e não gerando renda suficiente. Frequentemente cansado, estressado e sem dinheiro, o personagem acaba por ser despejado – como seu carma é grande: nesse dia chove. Com uma vida social nula, Lino não tem para quem recorrer. Mas, como típico brasileiro, o personagem não desiste nunca de tentar. E esse é o lema do filme, mesmo quando tudo pareça sem saída, desanimador, quando você não tem mais forças para continuar, continue que as consequências positivas de seus esforços chegarão. É apenas uma fase ruim, mesmo que se estenda mais que o desejado.

Outros personagens também chamam a atenção, como o engraçado e atrapalhado Don Leon, um aspirante a guia espiritual mágico que acaba se tornando o braço direito de Lino – mesmo sendo a pessoa que o colocou nessa confusão toda. Janine, primeiro amor de Lino e a policial chefe da operação que está em busca de pega-lo, assim como seus dois assistentes, ambos forçados e totalmente atrapalhados que mais prejudicam do que colaboram. Vitor, ex colega de classe que praticava bullying com o protagonista e que, coincidentemente, é seu vizinho. E uma garotinha, fofa e ingênua, que – literalmente – cai nos braços do personagem e o acompanha, junto com Don Leon, nessa aventura de limpar seu nome e mudar de vida.

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O grande problema de Lino está na “americanização”, ao tentar se igualar a clássicos de animação – Monstros S.A.; Meu Malvado Favorito; Detona Ralph – e trazer características norte americanas para o longa, como trocadilhos infames e caracterização de personagens. Além das piadas forçadas que possivelmente não agradará adultos, o filme erra ao resumir toda felicidade e expectativa de vida de Lino em uma busca incessante por dinheiro e ascensão social. O personagem está inserido em um contexto social que o induz a ter certos comportamentos e sentimentos, algo comum devido a influencia do meio. Se não houver oportunidades, ou melhor falando, oportunidades que realmente possibilitem uma chance, não haverá indicios de mudança social, algo que não parte apenas das pessoas envolvidas diretamente. O filme erra ao tentar passar por cima disso, tornando fácil a interpretação meritocrática.

Mesmo com baixo orçamento, Rafael Ribas entrega um filme com uma identidade visual impecável, com certeza o ponto alto do filme, conseguindo bater de frente com animações gringas conhecidas pelo público. Trazendo uma trilha sonora nacional nostálgicas e escolhida a dedo, Lino se caracteriza como sendo um dos destaques da animação nacional, que irá entreter muito os baixinhos/as.