A Franquia X-Men sempre passou por altos e baixos nesses 17 anos nas telonas. A Fox junto com Brian Singer nos anos 2000, ignorando as tragédias ocorridas com Batman nas mãos de Joel Schumacher, apostou no gênero e junto com Blade (1998) e Homem-Aranha(2002) colaboraram para dar fim na falta de fé nos super-heróis, resultando nessa onda de capas frequentes na 7º arte.

(X-Men: O Filme/2000)

A saída do Singer para dirigir Superman: O Retorno, em 2007, causou problemas criativos na franquia, que saiu dos trilhos e gerou toda a falha na linha temporal no universo mutante. Assim sendo, vimos a trilogia original ser sujada com o terrível “X-Men: O Confronto Final”, viajando para o horrendo prequel narrando a origem do Carcaju em “X-Men: Origins Wolverine” e vendo o clássico “Dias de um Futuro Esquecido” sendo adaptado para servir de borracha e apagar essas falhas de continuidade.

(X-Men: Dias de um Futuro Esquecido/1981)

Procurando entrar nos trilhos novamente e ser um nome mais forte na concorrência, FOX aposta de forma certeira em filmes de baixo orçamento, matando a fome dos fãs que estão sedentos a anos por tal adaptação. Incentivada pelo sucesso de Deadpool(2016), temos um filme do Wolverine para maiores, podendo ver o personagem raiz, com coreografias extremamente sangrentas, com socos além do necessário mostrando seu perfil mais selvagem possível e o estilo de luta mais aberto existente, sem se importar com os tiros e socos que possa receber. Para cada golpe recebido três membros do inimigo serão arrancados.

(Velho Logan/2008)

Tudo neste projeto é na medida certa. Escrito e dirigido por James Mangold, este soube a hora de ser se inspirar, adaptar, usar artifícios originais e manter os clichês já esperado sobre a grande perseguição aos mutantes. Velho Logan é uma saga extremamente difícil para o estúdio adaptar, já que sua história possui diversos personagens MARVEL além dos mutantes que a FOX não pode usar (Gavião Arqueiro,Hulk, Homem-Aranha). Mangold aproveita da obra original o visual e a ideia de uma viagem de “road trip”, encarando os problemas que aparecem no caminho. Adicionando como companheiros na viagem um Charles Xavier extremamente debilitado, amargurado, mas sem deixar o homem de fé que todos conhecemos e que incentiva Logan a cuidar da jovem Mutante Laura/X-23. Mesmo com uma carga de drama pesada ainda há espaço para humor, que encaixa de modo perfeito sem quebrar nenhum clímax, sempre acontecendo entre cenas necessárias para contextualizar o local que os personagens se encontram ou atender necessidades básicas: comer, dormir, banheiro e afins.

Apesar de diversos motivos caça-niqueis, o filme não se contenta em ser apenas a despedida do Hugh Jackman ou se manter apenas na violência. Do mesmo jeito que Ryan Reynolds se dedicou a Deadpool, é notória a tentativa de fazer algo marcante aqui também. É o melhor trabalho do Hugh Jackman como Wolverine: seu olhar é profundo e triste, um personagem que busca a morte como descanso mas sem a coragem de dar fim. E talvez, seus traumas sejam seu maior vilão. O diretor faz questão de transparecer como o carcaju está debilitado, sem recorrer a frases colocadas na boca de personagens, para lembrar que Logan é velho e não mais o mesmo de 25 anos atrás. Os detalhes físicos trazem um ar de podridão para Logan: sempre mancando, suas garras não são tão precisas e uma maquiagem pesada com diversas cicatrizes que não vão embora.

Apesar do homem dizer adeus ao personagem sem vestir o collant amarelo, não significa que o filme tenha vergonha de ser cafona. Os “saltos felinos” e Logan rosnando como um cão para os inimigos estão lá.

(Uniforme que apareceria em Wolverine:Imortal, porém a ideia foi descartada)

Com a introdução da X-23 e a despedida sincera de Jackman e Stewart, não há muito espaço para o vilão. Os Carniceiros não são marcantes e estão apenas para movimentar a trama. Não que seja sinônimo de “entra mudo e sai calado”. Boyd Holbrook se sai bem com o pouco que tem e em seus minutos de ironia ganha fácil a antipatia do público.

(Boyd Holbrook como Donald Pierce)

Apesar de errar muitas vezes em roteiro, FOX jamais errou em elenco (Ian McKellen, James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Sophie Turner). Dafne Keen consegue viajar entre a criança fofa e selvagem, sendo convincente quando necessário algo além dessas duas faces. Patrick Stewart trás um novo ar para o até então inquebrável Charles Xavier, que passa a ser aquele clássico idoso teimoso que faz de tudo para nos afetar e estressar; mas nunca, jamais deixamos de cuidar e amar.

(Dafne Keen como Laura/X-23)

Logan é o filme que os fãs sempre desejaram, capaz de fazer qualquer amante dos quadrinhos chorar rios de lágrimas e ainda bater palmas para quem lhe causou essa dor emocional. Dramático, violento e sentimental, fecha o ciclo de um ídolo e implanta a semente para uma nova face no manto do Wolverine. É o adeus que Hugh Jackman merece por carregar o personagem por tanto tempo, indo de filmes extremamente ruins a outros que marcaram época e está eternizado na mente dos amantes de quadrinhos e cinema.

Vai que? OREMOS!

(Laura/X-23 assume a identidade Wolverine na nova fase de quadrinhos MARVEL)