Publicado em 25 de dez de 2016 por Mayara Armstrong

O Bom Gigante Amigo

O mundo é gigante. E você nem pode imaginar!

20162 h 00 min
Overview

A pequena órfã Sophie (Ruby Barnhill) encontra um gigante amigável que, apesar de sua aparência assustadora, se mostra uma alma bondosa, um ser renegado pelos seus semelhantes por se recusar a comer meninos e meninas. A garotinha, a Rainha da Inglaterra (Penelope Wilton) e o ser de sete metros de altura unem-se em uma aventura para eliminar os gigantes malvados que estão planejando tomar as cidades e aterrorizar os humanos.

Metadata
Director Steven Spielberg
Runtime 2 h 00 min
Release Date 1 junho 2016
IMDb Id tt3691740
Images

Houve um tempo onde apenas o nome de Steven Spielberg nos créditos seria suficiente para garantir a qualidade de um novo filme. Hoje em dia, é difícil dizer algo assim de qualquer diretor. Spielberg ainda consegue manter sua filmografia livre de grandes desastres (se você não contar Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal), mas isso não significa que seus filmes ainda representam a qualidade que tínhamos antes. Com O Bom Gigante Amigo, Spielberg faz o perfeito meio termo, se autorreferenciando mais do que devia.

O Bom Gigante Amigo (The BFG) é um filme sobre uma menina órfã que vê um gigante na frente do orfanato em que mora… e isso a faz ser sequestrada e obrigada a viver com ele pelo resto de sua vida.

Baseado no livro de Roald Dahl (que também é responsável por obras como James e o Pêssego Gigante e A Fantástica Fábrica de Chocolate), a história não é exatamente original e vai por caminhos que abandonam qualquer sentido com o objetivo de entreter crianças. O grande problema? Filmes infantis demais não entretêm crianças como antes. Pode funcionar bem como um livro para se ler para crianças antes de dormirem, mas não como uma superprodução, o que fez o filme ser um dos grandes fracassos do ano, custando 140 milhões de dólares e trazendo apenas 178 milhões de volta. O suficiente para pagar seus custos de produção, mas não os custos com publicidade.

A direção de Spielberg é delicada e remete a seus velhos trabalhos o tempo todo. E é visualmente lindo. Com seus momentos digitais e reais se misturando com uma boa fluidez, temos aqui um filme que exigiu grande dedicação dos envolvidos e que, pelo menos no aspecto técnico, é primoroso. A trilha de John Williams, trabalhando mais uma vez com o diretor, é simples, mas faz o serviço. Nada inovador, mas cativa.

O roteiro de Melissa Mathison tem seus bons momentos, focados na amizade entre os personagens, mas se perde quando entra nas bobeiras para criança rir, forçando piadas sobre peidos e coisas do tipo sem ser necessário. Sim, esses momentos estão no livro original (e é claro que eu procurei, para saber quem culpar), mas o dever de um bom roteirista numa adaptação é saber o que vale a pena manter e o que não vale. Mathison trabalhou com Spielberg em E.T., e estava muito mais inspirada do que está aqui. O roteiro é a parte mais fraca do filme, e quase tudo perde o valor por causa disso.

O verdadeiro primor do filme, que caminha junto com a tecnologia, são as atuações. A pequena atriz estreante Ruby Barnhill é extremamente carismática e inocente, o que transfere uma atuação tão bonita quanto fascinante. Um grande futuro a espera nesse meio.

Mas é em Mark Rylance que o filme encontra sua âncora. Sua atuação maravilhosa com captura de movimento é tão inspirada que, mais uma vez, faz o serviço de humanizar uma obra de Spielberg (depois de seu incrível trabalho como Abel, em Ponte dos Espiões).  Ele consegue ser engraçado e emocionante na medida e na hora certa. Um lindo trabalho de atuação que deveria ser mais reconhecido, mesmo a técnica não sendo tão respeitada quando o modo clássico de atuar. Captura de movimento, quando feita com qualidade, rende performances que merecem mais do que recebem.

O Bom Gigante Amigo não é um filme ruim, mas também não é tão bom quanto poderia ser com os nomes envolvidos. Na tentativa de ser mais infantil do que deveria ser, o roteiro bota tudo a perder com momentos absurdos demais para serem aceitáveis até em filmes infantis. Mas, deixando isso de lado um pouco, dá pra se impressionar com os efeitos e com as atuações dos nossos dois protagonistas. Não entrará como um marco na filmografia do diretor, mas também não é uma mancha gigante. Spielberg é capaz de fazer melhor e vamos torcer para que faça!  

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