Publicado em 24 de jan de 2018 por Mayara Armstrong

Insidious: A Última Chave

20181 h 43 min
Overview

Os criadores da trilogia Insidious, regressam com Insidious: A Última Chave. Neste thriller sobrenatural, que traz de volta Lin Shaye, como a Dra. Elise Rainier, a brilhante parapsicóloga enfrenta, na sua casa de família, a maior de todas as assombrações.

Metadata
Director Adam Robitel
Runtime 1 h 43 min
Release Date 3 janeiro 2018
IMDb Id tt5726086
Images

Sobrenatural é uma saga que no começo deixou os telespectadores apreensivos, porém foi bem aceita pelo publico. Em seu inicio, o diretor James Wan (Invocação do Mal) e o roteirista Leigh Whannell (Jogos Mortais) adaptaram suas características já conhecidas em trabalhos anteriores e agradaram os fãs do gênero, trazendo um terror moderno ao mesmo tempo que nostálgico. Haviam erros, e foi no ultimo filme da franquia – o primeiro na cronologia – A Origem (2015), sob direção de Whannell, que as falhas ficaram mais evidentes. Em uma tentativa de repara-las, eis que surge A Ultima Chave, de Adam Robitel, resgatando e aprofundando-se em personagens conhecidos destacáveis – e este foi um dos primeiros acertos do filme.

A Ultima Chave – continuação de A Origem na cronologia – retorna com uma das melhores personagens da franquia, a medium Dra. Elise Rainier, vivida por Lin Shaye. O filme retrata os acontecimentos marcantes na história de vida de Elise e como essas vivenciais influenciaram a forma como ela vê e interpreta o mundo. Desda infância, a personagem tem que lidar com suas visões – do “Além” -, o suicídio da mãe, constantes repressões de seu pai abusivo, e, com a inocência de seu desprotegido irmão mais novo. Situações nada fáceis para uma criança elaborar, ela que, constantemente se culpa pelo seu passado, agora – e já adulta – dedica sua vida ajudando pessoas/famílias a lidarem com os fantasmas do presente – já que ela mesma não conseguiu encarar os seus, do passado.

Image from the movie ""

Sony Pictures © − All right reserved.

A médium é contatada para solucionar um caso em sua antiga residência, onde morou toda sua infância e vivenciou grandes episódios traumáticos. Sua missão – aparentemente simples, mas muito complexa – é de encarar: Lidar com seus próprios fantasmas do passado – literais e metafóricos. O filme brinca com realidade e fantasia a partir de, monstros, fantasmas e, o pior deles: o Tempo. Monstros ou fantasmas são reais? Por que apenas eu os vejo? São criações minhas? conteúdos que mexem com meu psicológico pois não foram elaborados como deveriam?

Com histórias pesadas, o filme nos faz refletir sobre nossos comportamentos e consequências: Como minha atitude de hoje irá influenciar alguém amanhã? Apenas eu carregarei o peso das minhas escolhas?

O duplo sentido dos termos – fantasmas, monstros, etc – vem de encontro com a história de vida da protagonista, porém, sua medionidade – e sanidade – são dois pontos questionáveis – tanto por pessoas de seu passado quanto por ela própria – e até mesmo para o telespectador. Tudo acontece muito rápido na história, o enredo se perde não fechando ciclos sequenciais, deixando o telespectador perdido ao tentar assimilar a trama.

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O destaque de sobrenatural é que ele não é um terror para qualquer publico. Ele possui características do gênero, claro, cria toda atmosfera do suspense com fotografia carregada, trilha sonora apelativa e os famosos jumpscares – ou sustos gratuitos. A imprevisibilidade dos sustos também é algo destacável – o telespectador sabe que vai acontecer, porém sempre se prepara para os momentos errados. Diferente dos outros filmes da franquia, A Ultima Chave é muito mais psicológico, trabalha com metáforas, traumas e angustias reais – provavelmente presentes em qualquer pessoa que assista ao filme. Até que ponto consigo olhar para dentro de mim, reconhecer meus erros e me perdoar? Se eu tivesse um encontro com meu eu criança, o que teria feito de diferente? O que falaria para mim mesma sabendo tudo que vou passar?

A influencia psicológica é pesada mas se desenvolve de forma sutil. Toda vez que Elise esta na caça dos monstros, ela vai para “o Além” – caracterizado como um mundo sobrenatural. E é nesse “Além” que ela se depara com seu passado, suas frustrações, medos e conteúdos não elaborados conscientemente – algo nítido de perceber pois retorna para a protagonistas em formas de flashbacks, fazendo o publico conhecer muito mais de sua história. E é aqui que o publico recebe outra surpresa: O Além, que apenas ela vê e sente, na verdade, é seu próprio inconsciente. Os conteúdos inconscientes são manifestados conscientemente, porém não assimilados. Ela não entende o porque daquilo tudo afetar tanto ela, mas sabe que a afeta. Isso tudo faz Elise cair em seus próprios enigmas e armadilhas psicológicas – afetando, involuntariamente, tanto ela própria como as pessoas que a cercam.

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Todos os medos, angustias e receios de Elise são representadas pelo antagonista, materializados na forma física do vilão KeyFace (Javier Botet). KeyFace funciona como criação inconsciente da protagonista, que, acaba ganhando vida própria por ser constantemente alimentado, porém peca quando o olhamos por uma visão generalizada a ponto de perder forças para levar o filme inteiro nas costas – o vilão, na verdade não é um vilão, é um ser não convincente e mal desenvolvido.

Com momentos cômicos que quebram a tensão vivenciada, Sobrenatural: A Ultima Chave é um filme repleto de duplos sentidos e representações simbólicas, que, infelizmente não tem força suficiente para se manter no meio dos destaques do gênero.

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