Vira Mar é uma produção experimental focado na crise climática, diferente dos documentários mais comuns que estamos acostumados.

O filme viaja sem fronteiras entre o sertão nordestino e os pântanos do norte da Alemanha. De um lado, fartura, água em abundância, ambientação viva, muitas formas, cores em tons quentes. Vida. Do outro, seca, tons frios, ausência de cor, uma semi vegetação. De um lado, bagunça. Caos. Adrenalina. Do outro, paciência. Calmaria. Quase nada.

Não é o que costumamos ver nos noticiários? Como a crise climática e ambiental afeta os mais distintos terrenos e a vida de milhares de pessoas?  É essa a proposta de reflexão de Vira Mar, ambientado em uma pequena cidade da Alemanha e em vilarejos do sertão Brasileiro.

De um lado, há ausência de água. Seca acabando com a vida, com vegetação, com pessoas. Do outro, há abundância de água, alagamentos de grande escala acabando com a vida, com a vegetação, com cidades inteiras. De todos os lados há destruição, tristeza, resultado da crise hídrica e das crescentes mudanças climáticas.

A obra propõe mostrar uma dualidade extrema, de pontas opostas do globo, captando a essência complexa e fundamental relação do ser com a água. De forma fluída, por vezes lúdica e enigmática, perpassando imaginação, crônica e ensaio, propondo imagens, pensamentos e construções inesperadas que utiliza a água como metáfora para a vida.

Com cenas longas, intercalando entre as realidades e metáforas, a produção quase que obriga o telespectador a interpretar de diversas formas cada cena, em uma tentativa de imaginar como é a interpretação de cada personagem em cena, ou do diretor e roteirista para entender a complexidade da obra como um todo, o que caracteriza que Vira Mar não é para todos os públicos, ainda mais por seu gênero experimental, o que pode ser facilmente interpretado como a ausência de uma boa base de sustentação – deixando o telespectador inicialmente com receio da produção.

E é exatamente o que acontece aqui, o documentário carece de cenas cativantes ou envolventes. Apenas retrata, de forma bem previsível e lúdica, a realidade que já conhecemos – e que não deixa de ser importante para refletirmos nossas atitudes e o impacto delas no meio ambiente.