Sinto que tenho que explicar como conheci The OA, que estreou na Netflix no dia 16 de dezembro de 2016. Principalmente porque vi apenas um post da Netflix na minha timeline sobre a série, e nunca mais ouvi falar. Uma semana antes da estreia, vi um post no Tumblr do Ian Alexander – que interpreta Buck Vu, um dos personagens principais da série – contando a história dele e como ele conseguiu o papel. A história parece simples, mas não tanto: um ano atrás, a Netflix estava procurando um ator trans para fazer audições pra uma série sem nome. Ele, por ser trans e asiático, se inscreveu e depois de algumas audições, conseguiu o papel! E durante todo esse tempo, ele dividia o que acontecia em seu blog no Tumblr. Por fim, semana passada, Ian reuniu todos estes posts para encorajar atores e atrizes trans a irem atrás de seus objetivos, e também para avisar a todos que a série iria estrear!
Cinco dias depois, aqui estou eu, fazendo uma introdução à essa série maravilhosa chamada The OA, que considero a filha de Sense8 com Stranger Things. Inclusive, o especial de Sense8 só estreia na sexta (dia 23), então dá tempo de maratonar The OA até lá!
A série foi escrita e produzida por Zal Batmanglij (que também é o diretor) e Brit Marling (que também é a protagonista da série, a OA). E não é a primeira vez que a dupla trabalha em conjunto! A Seita Misteriosa (Sound of My Voice – 2011) e O Sistema (East – 2013) são filmes excelentes, com uma qualidade artística incrível, e que sempre deixam um gosto de quero mais! São histórias completamente surreais, que não atingiriam nem metade de seu êxito caso tivessem sido transformados em filme de outra maneira que não seja nas mãos destas duas pessoas. Em The OA essa sensação permanece. (Aliás, no time de produtores dessa série se encontra Brad Pitt!)
Tendo desaparecido há sete anos, a anteriormente cega Prairie Johnson retorna para casa, agora na casa dos 20 anos e com sua visão restaurada. Prairie (que prefere ser chamada de OA) termina o primeiro episódio descrevendo os acontecimentos que levaram ao seu desaparecimento para cinco escolhidos: o problemático Steve (Patrick Gibson), o pacato Jesse (Brendan Meyer), o esforçado French (Brandon Perea), o transexual Buck (Ian Alexander) e a professora Betty (Phyllis Smith). Ao terminar o primeiro episódio fiquei com uma sensação parecida ao terminar o primeiro episódio de Sense8: “Aonde eu fui me meter? O que eu acabei de assistir?”. A partir desse encontro, é que as partes chocantes começam!
Enquanto os cinco escolhidos tentam diferenciar o que é verdade e o que é mentira na história de OA, o público também tenta fazer esses questionamentos, afinal: será que a narradora é confiável? Não seria a história apenas manipulação da OA para conseguir o que quer? Batmanglij e Marling contam uma história muito bem elaborada e é uma opção do público acreditar ou não no que estão vendo. The OA vai do plausível e explicável ao impossível e incrível em poucos segundos: experiências de quase morte, ciência e fé são temas abordados sem medo. A mentira se torna verdade se repetida mais de mil vezes? O que é mentira para você pode ser verdade para mim? São esses questionamentos da própria realidade que The OA quer que você faça.
A série tem 8 episódios de mais ou menos uma hora cada. A atmosfera dessa série é tensa e inacreditável! As cenas são extremamente bem construídas, e a trama nos faz questionar qual é o nosso papel nesta realidade. A história é contada de duas formas: no presente, com OA e os cinco escolhidos; e no passado, com cenas da narrativa de OA sobre o que aconteceu com ela durante o seu desaparecimento.
E aí, qual é a sua verdade?