Edgar Wright, após ter sua saída do longa da Marvel, Homem Formiga, decidiu retomar seu projeto de quase trinta anos. Conhecido por filmes iconicos como Scott Pilgrim e Todo Mundo Quase Morto, o diretor e roteirista acertou em cheio ao retomar sua ideia inicial de 1994, nos entregando uma ótima definição de arte.

Tudo o que um bom filme precisa ter há em Baby Driver: Um bom elenco, atuações consistentes, doses de ação, música, adrenalina e lutas na medida certa. Cenas que vão desde alucinantes perseguições com direito a tiros e sangue derramado à cenas de romance, ao mesmo tempo que mescla tudo com drama, suspense, e muita emoção.

© 2017 Sony Pictures Entertainment − All right reserved.

Somos apresentados a Baby (Ansel Elgort), um adolescente com características peculiares: Sua grande habilidade em dirigir e ser piloto de fuga; Seu amor por música e ritmos simétricos; e, não menos importante, sua falta de interação social – esta, por vezes, sendo optada. O personagem possui um zumbido no ouvido que o acompanha desde a infância, motivo que o faz estar sempre com fone, e, consequentemente, ouvindo música, para abafar o incomodo som. De poucas palavras, Baby não precisa necessariamente da fala oralizada para se expressar, já que a pessoa que ele mais conversa é seu pai adotivo Joe – Joseph – personagem surdo que se comunica por lingua de sinais.

O jovem acaba se envolvendo, sem a mínima intenção, com Doc (Kevin Spacey), um mafioso que o faz pagar uma divida passada através de seu trabalho como piloto de fuga em grandes crimes planejados. Sempre envolvido com criminosos diferentes e em algum delito, o piloto acaba por querer largar a vida de infrator, sentimento que se intensifica depois de conhecer Deborah (Lily James), a garçonete de um restaurante onde costuma frequentar, os dois compartilham do mesmo sonho: Pegar a estrada sem preocupações, apenas ouvindo uma boa música. O que Baby não sabe é que largar a vida do crime não será tão fácil quanto dirigir um carro em alta velocidade.

Ansel (A Culpa é das Estrelas; Divergente) entrega, de longe, sua melhor atuação. Já Kevin Spacey (House of Cards; Quebrando a Banca) não se destoa muito de outros personagens interpretados pelo ator. Com exceção do protagonista, os personagens não são tão aprofundados, porém, são retratados de forma única. Torna-se evidente suas motivações e características individuais, possibilitando identificar cada personalidade com o pouco apresentado – qualidade realmente é o ponto forte do longa.

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Baby, personagem de poucas palavras, se expressa pela música, e essa é a grande sacada do filme: A sincronia perfeita entre música e movimento. A arte se uni, cria vida, conduz o ritmo, desenvolve cada cena de forma exclusiva e simetrica. Para cada momento, há uma trilha sonora única e essencial. Há tanta harmonização, que, caso a trilha comece sem o movimento no tempo certo, há o recomeço da cena. Não existe espaços para tons fora do ritmo.

Detalhe para a tradução brasileira – tão criticada – do título, que, definitivamente, resume toda a simetria de Em Ritmo de Fuga. Imprevisível e surpreendente em muitos momento, com cenas alá Quentin Tarantino, fortes homenagem a clássicos do cinema e uma trilha sonora escolhida a dedo, Baby Driver torna-se um filme fundamental para os amantes de uma boa música – que, possivelmente, se tornará um clássico desse século.