Em uma época em que surgem debates sobre a diversidade (ou a falta dela) em animações, a Netflix surpreende ao lançar Nimona. O filme, baseado na HQ best-seller de ND Stevenson, traz a personagem Nimona (voz de Chloe Grace Moretz), como uma adolescente com cabelos rosas que tem o poder de se transformar no que ela quiser. 

Considerada como monstro por alguns e como uma super-heroína por outros, Nimona é quem se propõe a ajudar o Lord Ballister Boldheart (voz de Riz Ahmed), que seria o primeiro plebeu a assumir um cargo de cavaleiro em um reino nobre, mas é impedido por ser acusado injustamente de cometer um crime. 

Nimona traz como pano de fundo os julgamentos de uma sociedade com problemas estruturais, que resiste em aceitar o que considera “fora do padrão”. Ela é julgada por ser transmorfa. O questionamento “o que você é?” é constante, mas muitos nem tentam entender quem ou o que ela é, apenas querem que se distancie por ser diferente. 

Em paralelo aos julgamentos, vemos crescer uma amizade entre ela e Ballister, ao mesmo tempo em que somos apresentados a cenas divertidas decorrentes de suas interações e transformações em diversos tipos de animais. Nimona intercala humor com reflexões importantes e questões como autoaceitação e respeito com as diferenças. O personagem de Ballister também traz representatividade LGBT+, logo no início ele aparece com o seu amor, o cavaleiro Ambrosius Goldenloin (voz de Eugene Lee Yang), e deixa o telespectador curioso durante toda a narrativa para saber como vai se desenrolar o enredo dos dois.

A trama também reflete o contexto das diferenças de classes em uma sociedade futurística medieval e faz refletir sobre até onde quem tem privilégios é capaz de ir para não mexer nessas estruturas. Tudo isso ambientado com uma paleta de cores específica que conversa com os sentimentos de Nimona, refletindo em diferentes tons de rosa da personagem e dos animais que ela se transforma que contrastam com as cores frias da cidade futurística.

Nimona é uma aventura que prende e encanta o telespectador; pode arrancar risadas, lágrimas e trazer boas reflexões para pessoas de todas as idades. Além de que, ter uma animação como Nimona é um marco importante para a história da representatividade queer em animações.